24 dezembro 2009

Only


Ele olha no espelho,
olha mas não vê seu reflexo.
Vislumbra tão somente cicatrizes d'alma.
Reflete medo e solidão
A solidão dos que buscam,
dos que ousam,
dos que à desobediência se atrevem .
.
E em se atrevendo ele machuca
a quem dele se aproxima,
não se faz compreender em seus afãs,
em seus atos,
em seus gritos surdos,
Sua face é silenciosa,
mas seu peito turbilhão.
.
o espelho é escuro e frio,
como noite de nevasca,
ele vem de longe,
das terras dos mouros,
atravessou os mares,
com seu lume vermelho transparente
no auge de sua cabeça.
.
Muitos o procuraram,
mas ele habilmente escapou
de suas mãos cobiçosas,
de vossos corações envelhecidos
e afogados em ódio e ressentimentos.
.
Ele olha o espelho,
frio e escuro,
e só vê solidão.
Seu reflexo não mais está lá.
Ele nada entende
e nada vê
além de solidão.
Mas sua busca persiste,
pois só assim ele justifica
sua continuidade.
Eder
.
Nestas noites quentes de verão, Ôbèron caminha para dentro do Mausoléu, onde é escuro e frio. Ele, animal felino das neves, das montanhas escarpadas, não tolera o calor. Perde o humor, a sociablilidade, a razão.
Nestas noites quentes não se aproxime dele. A menos que tenha uma garrafa de cerveja bem gelada em mãos, ou quem sabe um drink generosamente carregado de pedras de gelo.
Nestas noites quentes e carregadas de cumprimentos hipócritas natalinos ele se faz não-domesticado, e essas pessoas que andam indiferentes o ano inteiro, incautas que são, irão até o Mausoléu para tentarem oferecerem um abraço falsificado, um comprimento fabricado, retirado dos comerciais natalinos da Sadia.
Incautos que são. Não sairão do Mausoléu sem que suas costas sejam devidamente retalhadas em postas pelas garras do animal das neves.

Toque para mim, Sam: Diamanda Gallas - Gloomy Sunday

13 dezembro 2009

Rubio - Parte I - Moderato

Tem acontecimentos distintos e distantes que inacreditavelmente têm uma ligação invisível, trançando uma sutil teia de aranha e que até o último ato não nos apercebemos de tal entrelace, tal conjuminação...
(Ôbèron / out 2005)

Rubio
Parte I - Moderato

Continua Chovendo por aqui.
Já são três dias de águas em Sampa,
para um gato de rua como eu tempos assim não são nada fáceis.
Frio, chuva, medo e fome. Sinto saudades daqueles tempos.
Bons tempos.
Tempos de carinho e calor.
.
Em dias molhados como esse nem minhas felinas eu encontro nos telhados.
que os Deuses da chuva se recolham para seu retiro. Façam a Roda do Ano girar,
cadê o respeitos às estações?
.
Está tocando na casa em frente uma melodia que meu amigo humano
gostava, acho que ele falava algo como I Pagliaccio,
sempre ouvia comigo no colo,
ele tinha gostos apurados.
Sim, eram tempos bons.
Onde está você, meu caro, pr'onde foste?
Alías, como EU vim parar aqui?
foi tudo tão rápido.
.
Tudo era tão bom e tão seguro,
hoje é de beco em beco,
buraco em buraco,
vivendo de restos.
Sobrevivendo,
subvivendo.

Agora toca Ridi, Pagliaccio,
era a parte que ele mais gostava,
será que ele está lá? será que dentro da sala
daquela casa se encontra meu reencontro mais esperado?
não custa! são somente uma bela corrida,
alguns pulos e esgueirões,
meu pêlo vai encharcar de novo, mas valeria a pena,
se esta etérea ilusão se revelasse concreta realidade...
.
Mas e aqueles humanos jovens que ainda a pouco
queria me machucar e ridicularizar? ainda tão perto estão,
será que conseguiria passar suficientemente rápido?
como um corisco!
sim, como um corisco.
.
Veja, eu com o medo imperando de novo,
será que minha vida se reduzirá ao medo diário?
chorando como o Arlequim que agora trova
não tão longe?
mas meu amado humano pode estar a algumas
jardas desse meu trono de pavor, fome e feiura.
valeria a pena, cada risco, todos eles.
.
Continua.

Ouça: Ridi, Pagliaccio - R Allagna

04 dezembro 2009

Deep Songs


Hoje cantei uma daquelas músicas que fazem sentido só pra gente. Que só lembramos ou cantamos quando algo acontece que faz uma conexão exata e direta com o momento, que arranca lá de dentro um sentimento ou uma lembrança diferenciada, sabe?
Pois bem, cantei.
.
Sabe, o contentamento e a felicidade deveria ter um endereço, tipo um pub, um bar, onde a gente entrasse lá, deixasse nossas dores e cicatrizes na chapelaria como se deixa um casaco e sentasse na cadeira, já mais leve, e pedisse um momento feliz como se pedisse um metropolitan. Não, não estou falando de entorpecentes.
.
Sabe, eu não entendo, as pessoas falam para os outros e para si mesmos que buscam ser felizes que querem paz e amorosidade, mas o que se vê são pessoas se magoando, extraindo de si o de pior e mais contundente. Ferindo a vários e desferindo em muitos.
.
Não precisava de muito para se mudar tudo a nossa volta. Se cada um contesse um pouquinho sua sanha de machucar para se sentir com algum poder e a vida coletiva seria outra, tão melhor. E isso se faria com tão poucas atitudes. Mas o que parece é que para tão pouco ato se precisa de tamanha força inteiror, como se todos estivessem presos e acorrentados aos seus sofrimentos pessoais, suas furiazinhas, seus não-me-toques, seus tesourinhos de dor que as fazem sentir vivas, pessoas diferenciadas (pela tristeza).
.
Ontem eu fiquei um pouco olhando o céu na madrugada, (talvez na esperança inconsciente de ver uma bela estrela cadente em fazer um pedido especial) estava bonito, com nuvens nervosas, correndo ligeiras e se contorcendo no céu; encobrindo e revelando a lua a todo momento. Me encanta.
.
Outra,
A gente tem que ficar quieto, não pode falar muito verdadeiramente com as pessoas, elas não estão preparadas para as palavras genuínas.
É, seu sei, assusta.
A gente tem de sempre tem de estar falando coisas que elas querem ouvir, de preferência de maneira bem soft e blasé, ficar dando tampinhas nas costas e dizendo "sim, é isso mesmo, fez bem" ou "concordo" ou ainda "se fosse eu, tinha feito igual" ou ainda quem sabe "nossa, que bonito isso que você fez" e etc.
A verdade dita, ainda quando normal e bela, assusta. São momentos bicudos estes, baby.
.
Bem, meu caro, prepare os dedos, é mais uma coleção a escrever,
corre que o tempo é curto.
.
Sam, toque outra vez:

08 novembro 2009

Will You Still Love Me Tomorrow?

Na Confusão de carros e pessoas, por uma fração de segundo pensei ter visto você, ainda diminuí a velocidade, mas não mais conseguir localizar-te. Parecia-me um filme de Tarantino.
Ainda tenho de entender o que significa (caso signifique algo), de maneira repetina, o ressurgimento de tantas pessoas, coisas, situações e cosas do meu passado distante nas semanas presentes. Isso já está me dando nos cascos.
Well, deixemos isso de lado, por hora... ...whatever...

X x X

E ontem me diverti, como a muito não ocorria. Conversando com um amigo (bêbado) que queria falar coisas relevantes, tecer teses profundas. Aliás existem poucas coisas mais hilárias que um bêbado tentando usar da inteligência, da profundidade e da perspicácia.
Ah, isso vai render a semana toda.

A cada dia me aborrecendo menos com o externo, vou seguindo meus dias. Brigando pelos meus sonhos. Nada mais broxante que pessoas sem sonhos, sem metas, sem objetivos...
Nada mais assutador que pessoas jovens desacreditando de seus sonhos, que nada mais é que nome etéreo para metas. E um ser humano sem metas é barco sem velas.

Sam, toque de novo:
Amy winehouse - Will You Still Love Me Tomorrow

25 outubro 2009

Choices

clique na imagem para ampliar

É interessante aquela máxima: uma mentira dita muitas vezes se torna uma verdade.
Muitas vezes nos convencemos de certa coisa que não é (não existe, não é benéfica, não é nossa...) que a dita É. E então é o bastante para bloquearmos o entendimento e nos recusemos a encarar a "real realidade". Amigos, como isso acontece.... E sometimes estas ilusões perduram meses, anos, ...uma vida.

Mesmo a vida dizendo que "não" a gente repete por cima "é, e é, é por que é!"

Daí sofremos, estagnamos, auto-anulamos, perdemos chances.

Chance, que palavrinha... ...ô palavrinha que pode mudar rumos, destinos, diferença entre satisfação e frustração. E normalmente recusamos a fazer as escolhas. Protelamos até a vida fazer a escolha que deveria ser nossa. E daí é imprevisível. A vida é galhofeira e quando faz as escolhas para a gente normalmente escolhe a direção que vai se rmais dolorida; creio que é para não esquecermos, para que da próxima não nos demoremos em fazer, por nossa conta, a tal da escolha. Aproveitar as Chances, a tempo.

Hoje meu foco é, indentifique as ilusões que produziu e jogue no incinerador, rápido. Run, Lolla, Run. A vida passa num estalo. não há espaço para nos demorar nos sofrimentos, seja para sentir a falsa ilusão de preservação seja para agradar outras pessoas, suprir as espectativas de outras pessoas. Não se engane, isso só traz dor e amargura lá na frente. Raiva de si mesmo. E isso é tão ruim...

Vejo que a vida está me cobrando a escolha, tenho de agir, não quero que o poder de escolha fuja de minhas mãos.

Bem, já teclei demais, deixa-me ir para o atelier, fazer minhas peças, minhas esculturas, fazer minha arte.

04 outubro 2009

PR'ONDE?

PR'ONDE ANDAS, PROMETEU?

Onde seu caminhar macio marca a terra?
Teria sumido? fora roubado? Abduzido?
Seria fácil dizer somente que morreu.
Estaria a resposta no coração? que nunca erra.
Ou simplesmente partido, comigo aborrecido?
Por onde andas, caro Prometeu?


Enquanto olho as acácias no campo

lembro de seus cabritismo com as borboletas,
com aquele pardal e mais outro pirilampo.
Quantas arabescos e quantas piruetas,
com tantas palomas e muitos mosquitos,
que nos renderam divertidos momentos e tantos escritos.

Nestes dias necessito do por quê de sua partida.
E se queres mesmo que lhe diga,
tudo o que eu tinha, era meu e seu,
se é que tu não sabes.

Meu querido Prometeu,
hoje, de ti, senti saudades.

em homenagem a Prometeu, o gato negro.


Eder Araujo/O Colhedor

03 outubro 2009

60 luas...

"Aprendo mais com meus erros que com os meus acertos"

Essa frase nunca fez tanto sentido como esta semana.
Tenho dois meses para ajustar o que tem de ser ajustado.
Será ajustado.

Tenho sessenta luas para agir, como diriam os meus ancestrais.

28 setembro 2009

Chuva e Vento em Sampa

Nesta segunda-feira muita chuva em Sampa. Muito vento abalando e arrancando árvores pelas ruas e praças.
Tomei uma chuva danada pela tarde, fiquei ensopado. onde eu estava a chuva caiu justamente no momento que estava mais longe do carro. E poderia ser diferente? Hoje era segunda.
Mas sabe que eu curti. Ah, tomar uma chuva de vez em quando é até gostoso. Principalmente quando se pode voltar facilmente para casa para trocar a camisola.
Esta foto que ilustra o post estou dirigindo encharcado, não sabia se estava mais molhado dentro ou fora do carro.
Tenho muita coisa o que fazer, inclusive trabalho para ONGs de proteção a animais, desenvolver logos e brindes para essa galera cheia de vontade de ajudar nossos amigos não-humanos poder fazer mais e mais. Sei não, acho que esta madrugada vai ser longa.
E quando as coisas estão inesperadamente rumando para um caminho bacana, cheio de vitórias e conquistas? E quando isso está vindo sem apurrinhações e obstáculos? É fingir que nem tá vendo e deixar rolar sem se admirar. Para não "gorá" a boa fase....rs.
Na rádio só tocando Amr Diab

17 setembro 2009

No amanhecer, the change

Está amanhecendo...
Foi longa a noite e passou arrastada.
Sabe quando, sometimes, vem ao seu pensamentos as circunstâncias da vida,
faz você pensar, quase te obriga? Pois bem.

Parece que algo ou alguém, num outro mundo, te acua contra-paredes,
te diz: olha só, veja aí, resolva isso! e você não consegue pregar os olhos.

Faz você olhar para coisas que não quer observar, ponderar,
pois se o fizer sabe que terá de tomar atitudes, mudar.
Resolver.

É, os primeiros raios dessa quinta-feira já invadiram meu escritório,
chamam às falas, cobram resoluções.

Então, que seja.

É chegada (ou quase) a Primavera,
renovação, ressureição, a vida reinventada, renovada e rediviva.
Deve ser esta força hemisférica que me empurra para tal porta,
que talvez à consciencia não queira atravessar,
mas que inconscientemente sei que não há escolhas.

11 agosto 2009

A Monstruosidade que só o Homem pode Patrocinar

Meus caros, que desta comunidade habitam e vez por outra nos encontramos pelas mensagem que sempre que possível se movimentam por ela, hoje é um dia diferenciado para mim.

Sabem, eu já vi coisas horosas sendo feitas contra nossos amigos não-humanos, cresci ao lado de um matadouro bem primitivo de ovínos e bovínos e desde jovem visito a CCZ de São Paulo e vi "in loco" seus momentos mais teneborosos. Sempre tive estômago forte e desde criança trato de bricheiras de cães e gatos, meu tio era legista do Município de São Miguel Paulista-SP e muitas autopsias eu presenciei ainda garoto. Pouca coisa me deixa de "pernas moles" e estômago embrulhado.

Mas hoje eu assim fiquei, a um centímetro de vomitar em minha mesa e atônito sem reação eu fiquei e chorei muito. Chorei de pavor, de desespero, de revolta e ira.

Talvez você já tenha visto o que me fez pelo avêsso neste dia.
hoje ao visitar um blog que aprecio muito, o do Gerald Thomas me deparo com o horror que só o homem pode patrocinar.

Se você não suporta imagem putridamente cruéis do homem perante outras espécies animais talvez não deva visualizar tão torpe registro.


Blog Gerald Thomas: Aqui


Às vezes eu odeio tudo, tudo...

E ainda há pessoas (alienadas) que dizem que as instituições protetoras de animais é perda de tempo de pessoas que tem tempo de sobra e pouca coisa para fazer da vida...

Que a Grande Mãe alivie meu coração desse desespero que se instalou aqui dentro neste momento

11 julho 2009

Mientras macetas, guitarras y dibujos

Sabe quando você tenta fazer a ação desastrada de tentar colar um vaso que você gostava muito e que por algum motivo se espatifou no chão ou na parede (note que são espatifados diferentes)?

Você até sabe que o adorno jamais será o mesmo, que ficará faltando pedacinhos fundamentais, que apresentará rachaduras e trincas que qualquer um pode ver a metros de distância, que a cola estará aparente, que não mais voltará a ter a firmeza de antes, tampouco sua beleza, que estará perdida para sempre e só estará presente na sua lembrança, e só lá.

Mas você gostava tanto do vaso. E voilá, você o faz.

Sabe, eu passei boa parte de minha jovem vida ensinando a arte da olaria e mais de mil vasos, de certo, eu fiz. Alguma experiência eu ganhei;

ah, mas desses vasos a gente não pode esperar o esperado.


. . .

E enquanto me encho de preparados alopáticos (depois que você passa dos 35...) e escuto meu blues ácido e nervoso me recordo de meu velho violão que chora guardado em sua valise saudoso de seus momentos mais atarefados. Mas os dedos e mãos do desenhista e redator predominaram sobre os dedos e mãos do músico.

Hoje a música me chama again, agora já editor dos meus próprios alfarrábios y dibujos o blues furioso grita por mim mais uma vez. Talvez é chegada a hora de eu dar espaço para o músico. Para as notas, os colchetes, os compassos.

04 julho 2009

Olhai as perseidas no céu

Semanas sem se manifestar. Mausoléu cerrado, silêncio sepulcrau (como de praxe, é um Mausoléu). É estranho como a vida traz uma sucessão de acontecimentos que nos afastam das coisas que amamos, não é? Bem, deixe isso pra lá...
Mas ao emergir do profundo de meus imprevistos previsíveis vejo em minha caixa de emails dizeres tão legais, é muy importante saber que pessoas sentem falta da gente, do que fazemos ou escrevemos, do que temos a dizer, enfim, de nós. Gente que está em outros lugares, acerca ou longe, outros países, outras realidades, e estão tão pertinho da gente como outros que estão ombro a ombro fisicamente não estão. E sabem de nós, e os que nos olha cara a cara não sabem. É bem interessante. Meus mais profundos, sentidos e fortes agradecimentos a todos que aqui visitam e às vezes deixam (ou não) seus posts e me fazem crer que sou importante ou que faço parte de um momento de sua atenção. Isso é mágico para mim e de extrema importância.
Não tem nada a ver, mas no dia mês passado por conta de uma chuva leonina (aquele montão de meteoros riscando o véu negro do céu noturno) fiquei de cara pro ar olhando o firmamento por um belo tempo na madrugada. Foi bem interessante, pouco vi dos meteoros, mas fiquei contemplando a imensidão celeste na noite. A gente fica sempre olhando pro chão e esquece do universo. Fica registrado na nossa mente que o "Tudo" é um raio de 30 metros a nossa volta e acabou. Então quando olhamos para o espaço perdemos a noção de parâmetros de tamanho e distância diminutos que elegemos para nossa vida e mondo e quando baixamos a visão pro horizontal novamente temos a real percepção que estamos encarcerados em nossos minúsculos e ridículos corpos físicos e que vivemos como ínfimas partículas num universo mais do que gigantesco. Quando olhei a minha volta me senti um pouco "pequeno príncipe" regando a rosa e desentupindo vulcões num minúsculo planetinha então quis também segurar a cauda de algum cometa e sair pela Via Láctea conhecendo vários lugares, outras plagas.... ... ...Ilusão... ...
Acho q preciso viajar dentro de mim, Já que não posso ser o Cosmonauta da literatura. Conhecer outras galáxias e quadrantes dentro do universo de meu próprio eu, invariavelmente conflitante e peremptório. Me aventurar pelos oceanos desconhecidos das almas que estão próximas a mim, descobrir novas matizes das conhecidas cores das paisagens da minha rotina. Desbravar o Cosmo de meu lugar comum... ...Expandir.
Parecem bobagens mas certas vezes estas coisas, as chuvas leoninas ou outras paradas, aparentemente sem relevância me põem a pensar e delirar por dias, semanas, meses às vezes. Sempre estamos pensando em ganhar dinheiro ou provar que podemos mentir mais perfeitamente que o outro e temos vergonha (ou sei lá o quê) de aplicar tempo pensando nas chuvas leoninas. Eu queria perder mais tempo olhando para o céu nas noites de perseidas e chuvas leoninas. Talvez algum dia me convenceria que o universo não é só os espaços que fazem parte do meu dia-a-dia da maneira que conheço.

23 junho 2009

Noite estrelada

A noite está especialmente estrelada hoje, e levemente fria. Muito bela esta combinação, eu aprecio. Me põe a pensar nas coisas, nas pessoas, nos sonhos. Me alivia as feridas do coração e mente.
Sim, sabe, às vezes partes do castelo de nossas vidas desaba. Mas não é a fúria dos Deuses e Deusas, tampouco destino. Simplesmente desabam. É a mera causalidade dos dias e das coisas.
Na maioria das vezes isso nos faz sofrer. Ver as paredes que nos acostumamos a ver em pequenos pedaços espalhados pelo chão. Mas não mais que de repente olhamos para frente e vemos uma paisagem que se abriu com a queda da parede. E em muitas feitas essa paisagem é bela. Não raras vezes não conseguimos enxergar culpa da dor que ainda sentimos. Mas passado o agudo da agonia, vislumbramos o belo que diante de nós se mostra e se oferece para habitar nossos dias.
As mudanças chegam e não perguntam se as desejávamos ou se gostamos delas. Elas simplesmente chegam.

13 junho 2009

O Gato Sabe

O Gato Sabe

A astúcia do gato
não lhe permite surprender
com o homem que se acha inteligente,
que se esforça para parecê-lo;
Sabe que são apenas homens com medo,
muito medo.
O Gato sabe que conhecimento sem amor cega o homem.
O Trai,
o diminui.
Deixa seu cheiro azedo,
sua alma gris.

Sabendo o gato,
este vai até o colo do homem generoso
e aconchega-se,
e dorme.

Maciel Monteverde.

"Ao surgir da aurora, após a escuridão, estaremos juntos".

31 maio 2009

Fecham-se as cortinas

Tantas coisas mudam, a Terra gira e tudo se movimenta e se transforma. Mas as mudanças causam trauma e medo. E na maioria das vezes não queremos a mudança. Dói. Mas muitas vezes vezes ela é necessária, quando não, inevitável.


Não adianta lutar contra o final do dia, pois ele acabará independente de sua vontade de ver os raios do Astro, a noite chega.


Muitas vezes acontece as mudanças porque você não faz mais parte daquela cena, no teatro da vida o seu personagem não acrescenta àquela cena. E isso é o mais dolorido, pois você não pode se vitimalizar, dizer que perdeu. Foi a cena que ganhou com sua saída do palco. Você não tem mais lugar ali. Não mais aplausos, não mais sorrisos. Somente a sensação de alívio da platéia e trupe com sua retirade encene.


O que fazer quando você perde uma parte de si? Quando parece que se abre um vazio do tamanho de você inteiro? Quando parece que as coisas perderam parte de sua alma e sentido?


Eu ouço o canto e os sons musicais nos ventos que chegam. Eu sempre amo essa música quando a ouço, pois ela é magia pura, entretanto tenho medo, pois sei que ela aponta a mudança, auteração dramática de rumos da navegação de minha vida.


É interessante como o medo faz parte de nossa alma e só com ele você pode sobreviver, pois ele é a própria essência do sentimento de sobrevivencia. E eu estou com medo hoje, estou com medo agora. Medo de como minha vida será, ou não será.

Escusa, por tudo.
Gracias, por tudo.
Eu escuto sua música, eu vou com ela. Ela me fará sobreviver.

Trilha sonora de hoje: Wayra.

14 abril 2009

Afinal, em quê?

Em meio a previsibilidade aparente de todos, esta que fomenta-lhes segurança e abrigo, ele segue sua inconstância perturbadora que tanto lhe trás olhares animosos e repressores. Inconstância que inova e ressalta-lhe entre aqueles mímetes do nada sem-graça, que o descola da paisagem cansativa, mas acolhedora (dos medíocres). Afinal o que ele quer? o que espera? em que acredita?

Sua arte o redime, o salva da imolação certa, o purifica do pecado que ele mesmo desconhece o sentido, retira a mácula imposta pela massa homogenea e amorfa que pulula frenética na sanha do julgamento.

É o doce da vida, o plus da primavera, a cereja do bolo. É pau, é pedra, é o fim do caminho.

12 janeiro 2009

No telhado Again

Resisti mais uma vez ao banho de sangue dos telejornais.
Do meu escritório escutava, muito a contragosto, ao JN que vociferava alto e vermelho blood na tv da visinha. Gaza, tiroteio na boate, pistolagem no Pará, saidinha de banco em Copa, arrastão em Sampa... É, realmente nada deve ter acontecido na grande esfera de edificante que merecesse alguns segundos de destaques nos TJs, nada que plantasse alguma semente minguada, simbolo duma esperança mesmo moribunda, nas terras ressequidas do peito da massa mundana desnorteada e desiludida, sequiosa da desgraça generalizada da sociedade maltrapilha e autofágica, travestida de democracia globalizada.
Mas acho que é isso que todos querem saborear, acho que é isso que eu quero saborear... ...ou não.

Não tem outra saída, tenho de subir no telhado no meu Mausoléu, sentir este ar fresco do despencar da noite, esse ar sufocante e salpicado de fuligem, como sê açúcar de confeiteiro no bolo. Cantarolar com os gatos em linguas estranhas equibrando-se nos muros, calhas e peitorís.

Patéticas as pesssoas que se julgam inteligentes acima da média, informados acima da média, conscientes acima da média. Veja bem, se você é mais um daqueles(as) que se acham superiores, sinto dizer, mas a possibilidade de você não ser e estar tão somente cultivando um círculo de medíocres a sua volta é muito grande. Simplesmente você atraiu, por gravidade dos semelhantes, gente que não lhe acrescenta absolutamente nada. É fácil se sentir bonito quanto se está rodiado de feios.

Nesta noite tenho que novamente me esgueirar pelas esquinas e vielas de Sampa, me alimentar desta cidade tortuosa e cheia de mistérios, supreendente para o belo e para o feio.

Se este tempo quente e abafado permanecer por mais um dia entro em estado prabhupadatrapaddara e surto de vez. Se gostasse disso tinha nascido em meio à cratera morta de Ngorongoro.

Ps.: Gracias a todos que sempre me visitaram nos inúmeros endereços bloguísticos que abri nos últimos anos.