12 janeiro 2009

No telhado Again

Resisti mais uma vez ao banho de sangue dos telejornais.
Do meu escritório escutava, muito a contragosto, ao JN que vociferava alto e vermelho blood na tv da visinha. Gaza, tiroteio na boate, pistolagem no Pará, saidinha de banco em Copa, arrastão em Sampa... É, realmente nada deve ter acontecido na grande esfera de edificante que merecesse alguns segundos de destaques nos TJs, nada que plantasse alguma semente minguada, simbolo duma esperança mesmo moribunda, nas terras ressequidas do peito da massa mundana desnorteada e desiludida, sequiosa da desgraça generalizada da sociedade maltrapilha e autofágica, travestida de democracia globalizada.
Mas acho que é isso que todos querem saborear, acho que é isso que eu quero saborear... ...ou não.

Não tem outra saída, tenho de subir no telhado no meu Mausoléu, sentir este ar fresco do despencar da noite, esse ar sufocante e salpicado de fuligem, como sê açúcar de confeiteiro no bolo. Cantarolar com os gatos em linguas estranhas equibrando-se nos muros, calhas e peitorís.

Patéticas as pesssoas que se julgam inteligentes acima da média, informados acima da média, conscientes acima da média. Veja bem, se você é mais um daqueles(as) que se acham superiores, sinto dizer, mas a possibilidade de você não ser e estar tão somente cultivando um círculo de medíocres a sua volta é muito grande. Simplesmente você atraiu, por gravidade dos semelhantes, gente que não lhe acrescenta absolutamente nada. É fácil se sentir bonito quanto se está rodiado de feios.

Nesta noite tenho que novamente me esgueirar pelas esquinas e vielas de Sampa, me alimentar desta cidade tortuosa e cheia de mistérios, supreendente para o belo e para o feio.

Se este tempo quente e abafado permanecer por mais um dia entro em estado prabhupadatrapaddara e surto de vez. Se gostasse disso tinha nascido em meio à cratera morta de Ngorongoro.

Ps.: Gracias a todos que sempre me visitaram nos inúmeros endereços bloguísticos que abri nos últimos anos.