31 dezembro 2011

ciclos e rítmos

A vida não pergunta a data nem olha o calendário para aplicar mudanças em nossa trilha, e tudo é uma continuidade. Não faço parte de nenhuma religião cristã, nem me apego a celebrações como Natal e Ano Novo, desde a infância, ainda que sempre estivesse conectado a minha coletividade e compartilhasse tais datas com os meus. Mas os ritos de passagem são sim importantes, sei da sua importância.


Então, falando em ano novo, que nesse fictício novo ciclo valorizemos as coisas que já consquistamos e que não foquemos a felicidade naquilo que ainda não temos. Que os laços de familia e amizade prevaleçam sobre os de interesse. E que as dificuldades não sejam motivo de desesperança e sim impulso para a melhora.
Tolerância, fraternidade, compreenção em nossos dias.


Saúde, amor e felicidade! hoje, agora e sempre!
Feliz 2012!!


Se nos falamos muito ou pouco durante esse ano, isso não importa. O que é certo é que você faz parte da minha existência tendo-se em mente a interligação inevitável entre todos nesse planetinha, e desejo a ti muitos, mas muitos sorrisos plenos.

18 dezembro 2011

Pingos

As nunvens já se contorcem nervosas sobre as nossas cabeças
e cospem pingos e desaforos ao calor que dominava solene até então.
Os estralos das gotas que ouço são música dentro de minha mente; e
são aliviadouros verdadeiro em tal tarde de verão.

As flores nos vasos concordam,
e se banham felizes em cena obscena, nuas pois que estão.

17 dezembro 2011

TOC do "Curtiu" e "Compartilhou"

O sedentarismo do ativismo me assusta. Com o advento das tais redes sociais o sentimento de indignação passou a ser motivador de ações aparentes, de atitudes ilusórias. E isso me assusta.

Eu vejo que as pessoas se convencem mesmo que estão fazendo algo de verdade, repassando links disso e daquilo como se fosse pastelaria.

Nada mais me assuta: o cara se diz um cidadão ativo e consciente. Daí você pergunta para o distinto o que ele fez ultimamente quanto a isso. E ele: - Ah, só hoje eu "compartilhei" dez vezes e "curti" umas quinze ações cidadãs (?!?!?!?!?!?)

Sim, José, são momentos bicudos.

Ele redirecionou ultimamente 20 vezes sobre o caso do cachorrinho morto a pancadas (ok,ok, ponto positivo pra ele, isso é algo ignóbil mesmo), daí vc pergunta o que ele fez em relação às milhares de crianças que morrem de fome todos os dias no mundo, ou sobre os milhares de cães que são eutanaziados nos CCZs Brasil à fora, ou sobre inúmeros patrícios que morrem todos os dias às portas dos nossos lindos "hospitais-favelas". E ele? *Silêncio*.

Ah! Esqueci! não havia nada sobre isso para ele "curtir" ou repassar sem pensar em nada.

É torcer para algo diferente acontecer e ele ter a oportunidade de ver o que ocorre lá fora no mundo de verdade. Hope.

E viva à superficialização e virtualização da solidariedade.

Estamos vivendo um remake das etapas da Antropologia às avessas. Quando a antropologia surgiu como ciência essa diciplina era teórica, de gabinete. Daí veio o Pessoal da Escola funcionalista e "foi pra rua", romper com a distância e com a teorização, depois os Extruturalista vieram e aprofundaram esse processo.

Agora com Googleralização da busca de informação e a Facebookização e Twitteralização das ações retrocedemos feio e velozmente, e estamos vendo o mundo pelos olhos do Grande Oráculo e trocamos nossos braços e pernas pela cria do Zuckerberg, vidrados e embasbacados que estamos diante da telinha do iphone.

*suspiro"

16 dezembro 2011

Pedaços

"Dos momentos inesquecíveis, parece-me, já esqueceste todos."

Essa tarde parada, eu sentado a cadeira,
faço minha mente atravessar um universo e chego
mais perto de você; Ainda que não a alcance.


Muitos sonhos despedaçados, e são os únicos
fragmentos que ainda tem alguma forma reconhecível
do que eu fui e do que eu desejei ser naquele dia.


Do futuro eu nada sei ou aguardo,
só espero esta tarde passar,
sentado a cadeira,
atravessando um universo.

Elas estão chegando

Quem me conhece sabe que uma das coisas as quais mais abomino (desde tenra idade) são as retorspectivas do ano.
E chegou a temporada enfadonha onde elas me atacam de todos os cantos. Em casa, no trabalho, nos velórios, nos clubes, em todo lugar.
Só de ver o anúncio das retrospectivas, essa nulidade, já me ataca a psora. Me dá rinite alérgica, incontinência verborrágica, me altera o castanho dos meus olhos.
Sim, eu estou irritadiço (como diria minha amiga Eleonora) este final de ano, e ficarei mais quando o Sergio Chapelin aparecer anunciando a retrospectiva de 2011.
O que me deixa tão irritado quanto? ouvir Adele. Sim, eu sei, é a queridinha do momento e canta estupidamente bem, boa interpretação, é quase bonita, sim. Mas me irrita ouví-la em todo lugar a todo momento, fazer o quê?
Adele me irrita, Retrospectiva me irrita, Michel Teló me irrita, Fátima Bernardes me irrita, Malu Magalhães me irrita, Facebook me irrita, solados vermelhos a la Louboutin da 25, pessoas repassando e repassando links sem saber sequer do que se trata, gente desesperada por ibope na web, hálito de cerveja, caloraço e irritados me irritam.
Acho que o sinal da idade que chega vai ficando dia-a-dia mais notório. ....E isso me irrita.

07 dezembro 2011

Desventuras? Eu quero um Combo!

Daqui da altura do telhado do Mausoléu (de onde se tem vertigens acachapantes olhando-se para baixo) eu posso ver pessoínhas lá embaixo fingindo ser felizes com a receitinha de bolo dos outros. Parecem, no meu entendimento, desejar aparentarem viver num eterno comercial de cerveja skol, rindo embasbacadamente, rastejando-se por um caminho manjado e fabricado por verdades cenográficas de alto-astral tipo praia, samba, álcool, bunda, sol e churrasco.
O Bom Jesúis sabe que eu tentei sempre ser tolerante com as pessoas que fazer o tipo "alegrinho(a)-superficial", mas muitas vezes, confesso, não "logrei êxito". Nem sempre o cidadão está zen o suficente para ouvir coisas do tipo "Uhú! sexta-feira! fechô seizóra! vamu escutar calcinha preta (?!?!?!) no Zé Leite!!" enquanto você tenta desenvolver uma ação solidária coletiva num orfanato.
É claro, ninguém é obrigado a ser o "engajadinho mala", lóbiviu (com o diria meu sobrinho), mas tudo na bitola. Nem mais, nem menos.

E quando o mesmo declara para você num volume de voz que mais parece que estás numa sala 10 metros distante: "Peixe, vamu pro Zé leite? lá tem uma vaca-atolada do diabo!"

Que é do diabo eu não levanto polêmica, mas logo após meus tímpanos voltarem a um nível de funcional ao menos metade do anterior eu realmente gostaria de discutir a real satisfação de curtir uma vaca-atolada a 30º C de verão tropical com pessoas ululantes, escutando uma música, digamos, diferenciada (como diria Mr Tucano). Well, gostos são gostos e yo nada tenho akver com isso.

Caminho rumo ao meu santuário de descando e ao chegar, qual a supresa? Os mais novos vizinhos tinham produzido uma festinha (um rala-bucho) que transbordava para a rua. Tocando, para deleite do meu pavilhão auditivo, pérolas do cancioneiro das altas latitudes brasileiras. Abri o portão da garagem já me sentindo em algum pancadão de Belém. imaginava que a qualquer momento um ximbinha iria me abordar e me dar alguma punhalada final na minha alma.

entro em casa, tento me desentoxicar disso tudo, colocando dois xumaços de algodão no ouvido e clamando socorro a um martini gelado. Mas quando abro meu email.... ... ....é minha editora solicitando para eu fazer uma boa reportagem de um suposto notório grupo de forró, ou tecno-brega, ou pagode, ou axé, ou funk, ou sertanejo, ou macarena, ou lambada, ou macuco universitário, ou algo assim (!!!!!!!!!!!!!)

daí o cidadão se sente na obrigação de sofrer uma embolia.

são dias difíceis...

é o 2012 chegando, é a primavera árabe, o armagedon, o kaly-yuga, o purgatório na Terra, ou algo assim.