05 setembro 2010

Ondas noturnas

Estar no mar a noite é algo tão bom para mim. Sentir nos pés e no corpo as frias ondas noturnas. Ouvir o rugido do oceano na escuridão que funde o horizonte ao negro céu.
Isso é algo que me alimenta e me leva além de mim.
Esta noite é uma noite muito importante para minha vida. Nesta, possivelmente, muita coisa acontecerá e disso muito se alterará.
Talvez, quem sabe, por muito tempo este Mausoléu não me verá presente.... ou o contrário.

21 agosto 2010

cade la tranquilidad que deixei aqui?

Está no fim mais uma Bienal do livro de Sampa. Muita correria no último mês para preparar tudo que as editoras as quais trabalho precisavam para a presentação, na parte que me cabia.
Apesar de todo esse trabalho nem dei as caras lá. Gosto da Bienal, mas esse ano estava meio no limite, não estava a fim de esse mundo de gente, desse evento gigantesco. Aliás aqui em Sampa é assim tudo gigantesco, as vezes me dá um negócio em relação a isso, dessa megalomania. Tem uma parte (importante) de mim que gosta de reclusão, necessita; precisa de silêncio e de coisas modestas. E aqui pouco se encontra disso.
.
Agora é madrugada, três horas, daqui da janela posso ver luzes nas janelas de prédios longe. Há pessoas nestes apartamentos, pensando, sentindo, felizes, preocupadas, com raiva ou fazendo amor.
Daqui vejo um edifício que há somente uma luz ligada. Está bem distante. Que será que está fazendo quem lá está? Será que um dia meu caminho irá cruzar com o dessa pessoa? ver seus olhos?
.
Na Band Vale está tocando Roxette, aff, faz teeempo.
.
Tenho muito material para produzir até segunda feira. Gosto muito do que faço, escrever é minha atividade preferida, graças aos Deuses a vida me levou para esse caminho. Passei boa parte do ano passado ilustrando livros e revistas, gosto muito também, mas o que me dá mais prazer é realmente escrever. Seja realidade dos jornais e revistas, seja ficção dos livros. Me faz melhor, me decodifica, me saneia, me conduz por um caminho a qual sou mais completo e dou passos mais firmes, mais seguros. Me reconheço.
.
Nos próximos três anos pretendo me dedicar mais e mais a isso, negligenciei demais meus amores. Abri mão de mim quando jamais deveria tê-lo feito. As coisas estão se encaminhando naturalmente para isso, para a correção. Vou seguir o caminho que me está sendo apresentado, aliás, que muito me agrada. Parece-me que depois de muitos anos as coisas estão voltando a sua originalidade.
.
Agora toca Tony Bennett, me deu vontade de viajar, ...vai entender.
Fico pensando, deve haver pessoas trabalhando agora na madruga nessa rádio, quando era mais garoto sonhava em trabalhar numa rádio, crê? Essa rádio está localizada em São José dos Campos/SP, essa tar de interneta viabilizou coisas bem interessantes mesmo. Eu gosto de escrever ouvindo esssa rádio quando varando a noite.
.
Aconteceu algumas coisas essa semana que me deixaram com um pouco de raiva no coração, isso não é comum de acontecer, preciso tirar isso do peito.
Não sei se consigo escrever sobre isso.
Estou procurando a paz aqui no meio da madrugada, o equilibrio, mas creio que não estou conseguindo encontrar o vêio. Minha mente está trabalhando muito rápido, pensamentos em turbilhão. Tem um pedaço de mim que está agoniado, eu vejo. Queria um sorriso, uma conversa à toa.
Acho que vou sair um pouco. Preciso achar o ponto exato disso, não gosto de estender problemas, dilemas. Coisas pequenas viram coisas grandes quando a gente não desembola logo.
.
agora La Barca, Moira vem dançar comigo. Ma tu dormiu?
.
vida linda, vida louca.

12 agosto 2010

Chuva Leonina se aproximando

Hoje, a Nasa prevê uma linda chuva de meteoros visível nesta madrugada agora (13/08), lá pelas duas da manhã (veja reportagem do portal Terra). Eu adoro as Perseidas, é assim que a astronomia chama esta chuva Leonina. Pois sempre, concomitantemente, ocorrem coisas curiosas em minha vida.
.
Segue abaixo úlimo texto que escrevi sobre as Perseidas, ainda no endereço velho do Mausoléu, no Blogger. É aguardar e assitir.

[Sexta-feira, Dezembro 03, 2004]

.

Olhai as perseidas no céu
.
Semanas sem se manifestar. Mausoléu cerrado, silêncio sepulcrau (como de praxe é um Mausoléu). É estranho como a vida traz uma sucessão de acontecimentos que nos afastam das coisas que amamos, não é? Bem, deixe isso pra lá...
.
Mas ao emergir do profundo de meus imprevistos previsíveis vejo em minha caixa de emails e comments dizeres tão legais, é muy importante saber que pessoas sentem falta da gente, do que fazemos ou escrevemos, do que temos a dizer, enfim, de nós. Gente que está em outros lugares, acerca ou longe, outros países, outras realidades, e estão tão pertinho da gente como outros que estão ombro a ombro fisicamente não estão. E sabem de nós, e os que nos olha cara a cara não sabem. É bem interessante.
Meus mais profundos, sentidos e fortes agradecimentos a todos que aqui visitam e às vezes deixam (ou não) seus posts e me fazem crer que sou importante ou que faço parte de um momento de sua atenção. Isso é mágico para mim e de extrema importância.
.
Não tem nada a ver, mas no dia 19/11 por conta de uma chuva leonina (aquele montão de meteoros riscando o véu negro do céu noturno) fiquei de cara pro ar olhando o firmamento por um belo tempo na madrugada. Foi bem interessante, pouco vi dos meteoros, mas fiquei contemplando a imensidão celeste na noite. A gente fica sempre olhando pro chão e esquece do universo. Fica registrado na nossa mente que o "Tudo" é um raio de 30 metros a nossa volta e acabou. Então quando olhamos para o espaço perdemos a noção de parâmetros de tamanho e distância diminutos que elegemos para nossa vida e mondo e quando baixamos a visão pro horizontal novamente temos a real percepção que estamos encarcerados em nossos minúsculos e ridículos corpos físicos e que vivemos como ínfimas partículas num universo mais do que gigantesco. Quando olhei a minha volta me senti um pouco "pequeno príncipe" regando a rosa e desentupindo vulcões num minúsculo planetinha então quis também segurar a cauda de algum cometa e sair pela Via Láctea conhecendo vários lugares, outras plagas.... ... ...Ilusão... ...
.
Acho q preciso viajar dentro de mim, Já que não posso ser o Cosmonauta da literatura. Conhecer outras galáxias e quadrantes dentro do universo de meu próprio eu, invariavelmente conflitante e peremptório. Me aventurar pelos oceanos desconhecidos das almas que estão próximas a mim, descobrir novas matizes das conhecidas cores das paisagens da minha rotina. Desbravar o Cosmo de meu lugar comum... ...Expandir.
Parecem bobagens mas certas vezes estas coisas, as chuvas leoninas ou outras paradas, aparentemente sem relevância me põem a pensar e delirar por dias, semanas, meses às vezes. Sempre estamos pensando em ganhar dinheiro ou provar que podemos mentir mais perfeitamente que o outro e temos vergonha (ou sei lá o quê) de aplicar tempo pensando nas chuvas leoninas. Eu queria perder mais tempo olhando para o céu nas noites de perseidas e chuvas leoninas. Talvez algum dia me convenceria que o universo não é só os espaços que fazem parte do meu dia-a-dia da maneira que conheço.
.
por Ôbèron * Sexta-feira, Dezembro 03, 2004

23 julho 2010

La tormenta

Está chovendo lá fora.
Muito.
Nem quero pensar no estrago
que se encontrará quando
parar esta chuva e
se puder sair no alpendre.
.
A janela está fechada,
mas eu vou abri-la,
e eu sei que tudo aqui ficará molhado,
e o vento que a acompanha
colocará tudo fora dos seus lugares.
molhará minha roupa e
eu tremerei de frio.
.
O vento está assoviando pelos cantos e
pelas frestas,
Remexendo as folhas e os gravetos,
descobrindo o que estava oculto por estes.
Está cantando e avisando da
chegada da tempestade.
.
Ela está a alguns minutos daqui
contorcendo suas nuvens furiosas
em roxo e chumbo.
Quando ela chegar, volumosa,
vai extremecer as vigas e colunas,
e quando ela passar não sei se
a choupana que construí com os dias estará de pé.
Não sei se as cercanias que eu conhecia
estarão lá para serem reconhecidas mais uma vez.
E sim, isso só não traz medo para os vazios.
.
Sempre que uma tormenta passa
pelo vilarejo da gente,
leva e quebra muitas coisas que gostávamos,
e nos faz chorar ou ranger os dentes.
Sim.
Mas também lava o pó, limpa os grotões,
quebra todos os galhos envelhecidos e telhados fragilizados
com o tempo e com os acontecimentos.
Nos impele para diante,
ainda que que com muita dor.
.
.
ela chegou,
e a janela está aberta.

16 julho 2010

Quem sabe isso tudo valha a pena...

Ontem recebi a ligação de um velho amigo meu. Fazia alguns anos que não nos falávamos. Para ser mais exato cinco anos. No seu telefone havia um certo tom de urgência, isso me preocupou. Foi uma rápida conversa, alguns minutos. Ele pedia que o encontrasse no hotel a qual estava hospedado.

.

Eu estava, como sempre com trabalho até o último fio de cabelo, mas eu jamais poderia negar o pedido desse meu especial amigo. Lá fui eu.

.

Fui pensando mil coisas, o do por quê ele queria me encontrar assim de qualquer forma. Foram inúmeras as idéias que minha mui fertil imaginação de escritor pôde, no intervalo de 45 minutos, formatar a respeito.

.


Quando cheguei no hotel ele me recebeu com largo sorrido e apertado abraço. Bem, pela aparência nenhuma tragédia o assolava os dias, ao menos a cara não declarava.

.


Disse ele:

-Eder, amigo meu, vou falar rapidinho porque daqui a pouco tenho de pegar avião de volta a Ásia. -virou-se para uma pasta abriu um envelope e retirou um cd - Segura, é teu, tá autografado e com dedicatória. Agora não me pergunta o que tá escrito que eu não sei nada de chinês.

.


Peguei o cd e olhei. Supresa total. Era um cd de uma instrumentista chinesa, Wei Wei Wuu, ela toca erhu (violino chnês), é um expoente contemporâneo do intrumento. Eu sempre amei sua arte. Pois esta é viva. Sua música fala sua extrema sensibilidade.

.


Me lembro de ter mencionado uma vez isso com ele faz muitos anos, e ele havia gravado. Não esqueceu. E quando em viagem a china a trabalho, pôde ir ao um evento onde ela tocava e lembrou de mim, do que havia dito, e conseguiu um cd autografado.

.


Para mim foi um gesto tamanho em generosidade. Mais ainda, grande prova de carinho, de amizade verdadeira.

.


Fiquei muito feliz. Essas coisas fazem a gente acreditar que vale a pena toda essa insanindade de vida e que talvez esteja fazendo as coisas corretamente, que esteja lidando com as pessas de maneira a contrair o respeito e carinho delas.

.


Vos digo:

por mais difícil que seja, não lide na superficialidade com as pessoas a sua volta, lide com respeito e atenção. Olhe nos olhos, se importe de verdade.

.

Amizade, real ou virtual, é coisa rara, é algo para se guardar longe do nosso lado menos iluminado.

.


Quer escutar Wei Wei Wuu? então ouça, aqui.

.

01 julho 2010

Na madrugada fria e estrelada...

Voltando para casa hoje, na madrugada, me chamou a atenção o ceú noturno. Estava aberto, sem nenhuma nuvem, lavado pela garôa de horas anteriores.

Antes de entrar no meu Mausoléu, fiquei fitando firmamento, coisa linda. A vivascidade milenar das etrelas.

Entrei, para me proteger do frio uns instantes. Reaqueci meu Croque-monsieur (iguaria preferiada desde a adolescencia). Corpo aquecido e o estômago forrado voltei ao relento, à fria noite, para olhar a beleza celeste.

Coloquei na mureta da sacada minha xícara de café ignorantemente quente e vagarosamente levantei a cabeça e o olhar, e no exato instante, na extaa direção, no exato instante, uma estrela Aqueles um ou dois seguundos viviveis para mim de tamanha beleza foi o incerrar de um movimento talvez milenar.

Fiquei pensando naquela beleza de morte.

Pensei, quantas décadas, séculos, milênios, ou talvez milhões de anos, este fragmento celeste viajou pelo universo, talvez atravessando a galáxia, para naquele momento, finalizar sua "tarefa"; ali, diante de meu olhos. Quantos cinturões, quantas nebulosas, planetóides e planetas tangenciou silencioso e opaco para morrer de maneira brilhante e fulgurante a algumas centenas de quilometros cabeça acima de Ôbèron? no exato momento que olhei para aquele ponto foi seu fim de quantos zilhares de anos?

Enquanto tomava meu café e fazia um cafuné fiquei a pensar nisso tudo, na viagem, na cincronicidade das coisas.

Da cincronia dos encontros, que magia amarra os fatos?



De como, por exemplo, duas pessoas na grandeza do mundo, se encontram dado momento e se apaixonam, de como um ser humano encontra sua morte numa sequência de fatos não críveis tamanha a volta das coincidências, e de tantas outras cincronicidades da vida.

Destino? Fatalidade? Circunstancialidade? Uma mão invisível, governança oculta?

O que é destino e o que é fruto das ações humanas?
O que é inefabilidade e o que é simples improbabilidade físio-química.

O que é "vontade de Deus" e o que é simples limitação do homem diante das circunstâncias?




O que um pedacinho de pedra viajando no espaço não faz com cabecinha mole de alguém sem mais nada o que fazer no meio da madrugada, não é mesmo?


ps.: no meio desse "pensarê" todo esqueci de fazer meu pedido pra estrelinha : S



26 junho 2010

Textos empoeirados

Nesta madrugada, por um acaso, tropecei nesse meu velho texto, escrito faz alguns anos, ainda do tempo das velhos grupos de discussão, antes da internet como a conhecemos, das BBS's alguém lembra disso? era parecido com que hoje conhecemos por email. Foi no ano que a Embratel abriu o serviço comercial da net, mas praticamente so havia linhas entre centros acadêmicos. Isso que conhecemos, portais como Ig, Globo, UOL, Terra, Google, nada disso existia, como era chatinho, praticamente so havia os grupos de discussão, tudo em texto, nada de imagens, nada de HTML, eu tive sorte que minha agência de comunicação ligada ao grupo Abril era plugada na rede, por tempos limitados durante o dia, claro.
este texto, me fez rememorar, e fez reviver dadas sensações, do momento descritos naquelas linhas. Resolvi postá-lo por aqui.
______________
Salve, lista.
As coisas que queremos estão ou acontecem nos lugares e momentos em que não estamos preparados para enxergá-los, algumas vezes.
Sendo desta maneira, passamos muito tempo pedindo por coisas que estão diante de nós o tempo todo. Parece tão óbvias estas palavras que poderia, em primeiro momento, soar inútil dizê-las. Mas só com a repetição poderemos tê-las (pelo menos um pouquinho tempo) em nossas mentes.
senão vejam só...
Hoje, por conta de uma greve de ônibus em Sampa, o trânsito estava terrível. E eu, para chegar em meu principal cliente, preciso atravessar a cidade e ir até um município vizinho. Isso significa percorrer algumas dezenas de quilômetros, que em dias normais leva-se pouco mais de uma hora (imagina-se hoje...).
Em meio àquele transito caótico pensava comigo sobre buscar uma qualidade de vida mais satisfatória, talvez me transferir para o interior ou para uma cidade litorânea, sei lá...algo que fizesse com que eu me poupasse de dias como esse (cada vez mais freqüentes por aqui,) da violência, da poluição de toda ordem, da impessoalidade do tratamento entre as pessoas das metrópoles; era necessário.
Certo momento parei e estacionei em uma confeitaria, telefonei avisando que não compareceria na agência como de hábito, pedi um café e me pus a pensar naquilo tudo. observava as feições dos motoristas que passavam, das pessoas que transitavam pelo passeio. Todos extremamente irritados. Pensei de como estava sendo alimentada uma nuvem de "mau-humores" sobre a cidade.
Cadê a beleza humana dessa cidade? - questionei a mim mesmo - numa cidade assim não quero viver.
Sentei na extensa soleira do estabelecimento, bem no cantinho, perto de uma cerca viva.
Ao mesmo tempo que observava a movimentação da via, percebi que naqueles arbustos agitavam-se uma comunidade de besouros (e que bichinhos bonitinhos aqueles), fiquei a admirá-los, me perdi, absorto naquela cena, na micropaisagem esquecida pela selva de concreto, quase dentro dela.
Uma criança chegou também e eu mostrei o centro de minha atenção, falei algo sobre e, agora acompanhado, retornei àquele voyerismo coleóptero (rs). Por algum tempo toda minha vida se resumiu a olhar aquele pequeno espaço.
Quando dei por mim percebi que agora éramos três, o irmão do garoto havia chegado e sem que eu me desse conta já estava sossegadamente instalado em meu cangote. E o primeiro garoto recostado em meu ombro também via aqueles pequenos insetos.
Aquela tranqüilidade e naturalidade que pessoas que não se conheciam mostravam ao assistirem, juntas, uma cena tão frugal e despretensiosa era, pra mim, algo mágico (caso vc esteja se perguntando o q isso tem a ver com magia), transcendente, e me fez ver a beleza da cidade que minutos antes se recusou a exibir-se aos meus olhos.

Aquilo que eu buscava no interior, no mar, longe dali, a quilômetros, estava agora num raio de um metro e meio à minha volta: a Beleza Simples da vida, Combustível da Saúde do corpo e da alma; Magia Suprema que traz amor e esperança.
Estas coisas são tão certas, claras e manifestas que na maioria do tempo esquecemos, ignoramos.
Deixamo-nos dominar pelo desencanto e pela irritação e nos tornamos cegos para O Grande Encantamento do Mundo e buscamos magia em palavras místicas ou rituais elaborados, alegria e felicidade em conquistas temporais e lugares longínquos, impossíveis de chegar.


A única coisa que peço esta noite aos gênios da minha vida e aos Deuses do Mundo é que não me deixem muito tempo esquecido destas verdades. Tenho certeza que serei feliz por muito mais tempo caso isso ocorra.


Vida longa à todos!
Ôþèrøn



por Ôbèron
JUN 1995

24 junho 2010

Essas coisas que trago

Sempre, numa avaliação apressada me consideraram gótico. Isso foi desde novinho, sempre tive um jeito que, para o apressado, pareceu, por falta de observação e até conhecimento, para o outro, que o fosse.


.

Confesso, que até para mim, muitas vezes principalmente quando novo, pela insistência alheia, achei que tivesse esse espírito Gótico, ainda que de viés. Confesso também que curto muito a arquitetura gótica, a arte e tals. E de certa forma, ainda que numa estrada paralela, esse clima me encanta, e que muitos dos meus amigos foram ou são góticos.


.

Mas, não, não sou. Nem nunca fui.

.

Estou mais para um açoriano, um lusitado, com seu espírito melancólico sem infelicidade, de sofrimento não amargurado, de saudade de coisas não vividas, de olhares no mar agitado e águas frias. Espírito solitário e abissal.


.

Não achemos que toda solitudine e melancolia é gótica, ou feia, ou triste, ou suicida. Não se apresse. Não se afobe.

.

Para ouvir:



.

E você vai para o corredor 7, prateleira 5, espaço B15.

Como é de praxe, a mente humana que é confusa e sem foco, busca fracionar o todo para buscar, em vão entendê-lo. Em vão pois, com não, é improvável compreender o todo dividindo o mesmo. compreendes algo da parte, mas se distancia da paisagem completa.
.
E para assim, não é diferente com seus pares, as pessoas. A mente confusa, busca (inutilmente e levianamente) fatiar as pessoas para mais rapidamente entendê-la (como se possível isso fosse). Penso: se não conseguimos nos compreender e nos decifrar mesmo numa auto-análise de uma vida inteira, como podemos supor que podemos decifrar (e, ainda, classificar) o que está fora de nosotros.
.
Frequentemente, fatiamos as pessoas por credo, partidarismo, time de futebol, estilo de vestir, profissão, raça, opção sexual, bonito ou feio, legal ou chato, inteligente ou burrinho, e por aí vai. Ninguém simplesmente é; ela faz parte de certa classe e assim é etiquetada, empratileirada e limitada a um conceito externo de uma pessoa ou grupo delas.
.
Patético.
.

23 junho 2010

Os pingos no meu rosto

Quando tinha nove anos deram-me
um violino de palmo e meio
e palmo e meio de emoções.
(Yehuda Amichai)

Um dia melancólico hoje aqui está, não sei, não me pergunte a razão, simplesmente está. Há um vazio, não em mim, mas nesta casa. Sentindo falta de coisas, coisas que nem sei o que.
Tenho trabalhado muito, viajado muito, rompendo muitos limites, quebrando meus mitos e medos, mas sem olhar para o lado, pois é hora de romper as amarras. Sim, mas isso tem seu custo. Como o velocista que quando, ao estouro do sinal, rompe o ar com toda a explosão de seus músculos, ele só vê a reta de chegada ao longe, para ele nada mais existe, tudo para, o giro da esfera, o cair das folhas, o rugir do mar, nada mais, somente seu corpo em extremo segue de encontro ao seu foco. E ele vai.

Mas isso tem seu custo.

Só os mortos não morrem
Só eles a mim me restam
São tranquilos e leais
Os que a morte não pode matar
Mais com seus punhais.

Ao declinar da estrada
No final do dia
Em silêncio se acercam,
Em sossego seguem minha via.
Verdadeiro pacto é o nosso
Nó que o tempo não desmente
Só aquilo que perdi
É meu eternamente.
Rahel (Bluwstein)
Estou olhando para os lados agora, nada mais. Está tudo tão silencioso, as folhas ainda não estão caindo, e a esfera ainda tarda.
Vivo em estradas paralelas, onde uma estou vencendo em dias de sol, em outras perco em dias de chuva, em algumas o murmurindo da multidão vibra o ar, numas o silêncio vibra meu ser.
Sou um e sou vários, com humores diferentes, satisfações diferentes. É interessante este meu momento. Ao mesmo tempo que sou foco, sou refração. Mas creio, é a tônica do mundo, do ser humano. sou só mais um.
Então, sou único, mas sou como qualquer um.
Procurei em livros e livros,
Um poema,
Um parágrafo,
Uma frase,
Que me resguardasse da mágoa, Como janela de vidro protegendo o rosto da chuva.
Mas nada do que leio chega para contar o que sinto.
( N.G.J. )

Por vezes me pergunto, estou fazendo a coisa certa?
Os dias dirão.

Sinto os primeiros pingos em meu rosto.

14 junho 2010

Eu quero, eu quero, eu quero!

Acho muito curioso as vontades das pessoas e como estas as dominam.
Como é patética a postura das pessoas diante da negação destas vontades. Como se transformam. Como se revelam.
.
Todos querem que suas pequeninas vontades pequenas sejam realizadas e acatadas, e no caso contrário não conseguem desfarçar suas insatisfações, seus corações mimados e inseguros, fracos e umbigocêntricos.
Pessoas despreparadas que são para a vida e para o mundo. Crêem que são o centro das circunferências, sonham (pobres seres) que todos e tudo tem de funcionar de acordo com seus "eus".
.
Se as coisas não são como desejam (e normalmente não são), se alguém não faz o que quer, se as circunstâncias não se apresentam de acordo com vossos crus anceios isso é o bastante para se tornarem (e retornarem a ser) bebês, batendo o pezinho no chão. Despreparadas para a vida. Nunca são felizes, sempre se acham mais preparadas, mais visionárias, mais responsáveis, mais dinâmicas, mais inteligentes, e pois como não, mais merecedoras.
.
E com isso vão estendendo seu sofrimento, sua insatisfação com a vida. Mormente clamando aos Deuses por... .... ....justiça.


...Palavra perigosa de se clamar.

14 maio 2010

"Deixa a garôa cortante da madrugada de São Paulo cortar e molhar seu rosto. Deixa te levar para outra dimensão, te transportar, te transbordar." Foi o que ela ouviu ao fechar seus olhos e içar sua cabeça ao céu negro e nebuloso d'onde caia desconexas gotículas insanas e geladas, típicas daquela terra, num desejo desesperado e urgente de ouvir os Deuses, de transcender a paisagem óbvia e concreta avistada por seus globos oculares.
.
. . .
.
Saudade dos velhos tempos, dos velhos amigos, distanciados pelo tempo e pelos acontecimentos, das velhas aventuras e desventuras, dos belos lugares, das juveníces de escola. Mas não uma saudade amargurada, uma nostalgia boa sim, gostosa, que traz felicidade, leveza, não angústia e frustração, lágrimas ácidas.
é muito, muito bom ter coisas boas para rememorar, saber que a vida está sendo vivida com intensidade e vivacidade. Certeza que de estar escrevendo a história no livro de sua vida com letras maiúsculas e bem traçadas.
.
Rua Ramalhete

Sem querer fui me lembrar
De uma rua e seus ramalhetes,
O amor anotado em bilhetes,
Daquelas tardes.

No muro do Sacré-Coeur,
De uniforme e olhar de rapina,
Nossos bailes no clube da esquina,
Quanta saudade!

Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar no seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido,
Vamos deixar tudo rolar;
E o som dos Beatles na vitrola.

Será que algum dia eles vêm aí
Cantar as canções que a gente quer ouvir?

Tavito e Ney Azambuja

Faça-nos ouvir: Rua Ramalhete - Tavito

11 abril 2010

Augùri

Ontem, noite fria e com garôa em Sampa, saí para comemorar meu aniversário ao lado das pessoas que amo. Foi um dia especial. Muitas coisas legais acontecendo, muita gente especial ligando, muito email, torpedo, scrap, isso é bacana. Dá um up na gente. Meus amigos-irmaõs(ãs) você são tudo para mim. Blue, já não sei onde eu acabo e você começa em minha vida. No works.
.
Final do dia, fomos na Dona Carmela, aquele lugar é muito bom, e muito aconchegante. Ótimo para conversar, ótimo cardápio, pessoas incríveis nos servindo. Parabéns, galera.
Pena não poder apreciar a bela carta de vinhos que lá nos há a disposição... ...remédios, remédios... ...
.
Mas no meio de tanta coisa boa neste 10 de abril uma coisa ruim tinha que aparecer, mesmo que não fosse dígna de minha atenção, algo realmente para se encarar com desvalor. Descobri que uma pessoa que começava a confiar na web estava vasculhando, feito rato, meu pc. Tinha instalado via mensagem um arquivo malicioso e graças a este conseguia se esgueirar pelas pastas de meu computador como uma barata faz pelos cantos escuros das casas.
.
A web tem dessa, de melhor e pior; podemos encontrar pessoas incríveis e que nos acrescentam e também pessoas sórdidas e escorregadias, que nos subtraem, que nos lesam se valendo da atenção e abertura que as damos, aparentemente inofensiva.
.
Já encontrei outras baratas como esta, mas encontrei muito mais amigos incríveis que estão e estarão sempre no meu coração e nas minhas preces. Para vocês, todo meu respeito e carinho, jamais os esquecerei. Sempre os valorizarei.
.
Para todos que sempre me dispensam carinho e respeito, meu sincero "Muito Obrigado".
.
Toque para nós: Amizade Sincera - Renato Teixeira