O sedentarismo do ativismo me assusta. Com o advento das tais redes sociais o sentimento de indignação passou a ser motivador de ações aparentes, de atitudes ilusórias. E isso me assusta.
Eu vejo que as pessoas se convencem mesmo que estão fazendo algo de verdade, repassando links disso e daquilo como se fosse pastelaria.
Nada mais me assuta: o cara se diz um cidadão ativo e consciente. Daí você pergunta para o distinto o que ele fez ultimamente quanto a isso. E ele: - Ah, só hoje eu "compartilhei" dez vezes e "curti" umas quinze ações cidadãs (?!?!?!?!?!?)
Sim, José, são momentos bicudos.
Ele redirecionou ultimamente 20 vezes sobre o caso do cachorrinho morto a pancadas (ok,ok, ponto positivo pra ele, isso é algo ignóbil mesmo), daí vc pergunta o que ele fez em relação às milhares de crianças que morrem de fome todos os dias no mundo, ou sobre os milhares de cães que são eutanaziados nos CCZs Brasil à fora, ou sobre inúmeros patrícios que morrem todos os dias às portas dos nossos lindos "hospitais-favelas". E ele? *Silêncio*.
Ah! Esqueci! não havia nada sobre isso para ele "curtir" ou repassar sem pensar em nada.
É torcer para algo diferente acontecer e ele ter a oportunidade de ver o que ocorre lá fora no mundo de verdade. Hope.
E viva à superficialização e virtualização da solidariedade.
Estamos vivendo um remake das etapas da Antropologia às avessas. Quando a antropologia surgiu como ciência essa diciplina era teórica, de gabinete. Daí veio o Pessoal da Escola funcionalista e "foi pra rua", romper com a distância e com a teorização, depois os Extruturalista vieram e aprofundaram esse processo.
Agora com Googleralização da busca de informação e a Facebookização e Twitteralização das ações retrocedemos feio e velozmente, e estamos vendo o mundo pelos olhos do Grande Oráculo e trocamos nossos braços e pernas pela cria do Zuckerberg, vidrados e embasbacados que estamos diante da telinha do iphone.
*suspiro"