30 janeiro 2011

Frouxos de Caráter, Afastai-vos

Por conta de coisas me ocorreram este mês estive pensando sobre como a insegurança faz da gente pessoas piores e como origina feiura interior em todos nós.
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A insegurança produz um série de subprodutos fedorentos dependendo dos ingredientes que cada um abriga dentro da parte mais escura de suas entranhas.
Não há nada pior que alguém inseguro e frouxo de personalidade por perto, estas causam mais problemas que as pessoas de natureza perversa.
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por exemplo, para algumas pessoas a insegurança se apresenta sob o disfarce do temperamento violento e agressivo, para outras traz arrogância, outras, subserviência, outras a timidez ou introspecção, já outras expansividade e tagarelice, outras posturas de desdém e jactância, para outras trazem egoísmo ou inveja. O coitadinho, o aparecidinho, o covarde, o malediscente, o castrador-repressor, o moralista, o pudico, o super-protetor, o sabichão, todos inseguros ao extremo.
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Mas afinal de contas de onde vem a insegurança? simples, da VAIDADE.
Um tímido nada mais é que uma pessoa extremamente vaidosa, o egoísta, o arrogante, o violento e agressivo, o sabereto, estas pessoas não cabem em si dentro de sua vaidade imperiosa.
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Ôbèron, acaulelai-vos de sua vaidade e percebe como ela se expressa em ti.

04 dezembro 2010

Lutando Para não Sucumbir ao Calor

Atrás de minha orelha ensaia a descida de uma gota de suor.
Converso aqui com minha taça de vinho gelado que em nada me agradam dias como este de calor desenfreado e que não os suportaria se não fosse tais belos temporais que os acompanham nessa época.
Aliás, as nuvens já se contorcem nervosas em roxo e chumbo lá no céu.

Estava aqui lembrando minha passagem por Torino, na Itália, ha uns 15 anos.
Pensava aqui comigo como seria tudo em minha vida se tivesse descido ficar lá e não tivesse ído para Bielorrússia e posteriormente voltado para o Brasil. Como seriam meus dias, hoje?

Não sei, realmente não sei o que teria vivido lá, com seria hoje.
Mas uma coisa é certa. Tudo que vivi depois que saí de lá me fez de mim o que sou hoje. Cada experiência de vida, cada pessoa conhecida, cada dia de amor vivido e de dor também.
Cada um dos passos foram fundamentais para formar essa pessoa que eu vejo no espelho. Uma por uma das marcas e cicatrizes de meu rostos contam, silenciosas, meus momentos. E uma a uma eu as amo, pois são no seu conjunto o diário aberto dos meus dias.

E o que eu mais gosto disso tudo que vivi no Brasil esses anos são as pessoas que conheci e convivi por cá. Todas que me fizeram melhor e pior, que me fizeram sorrir e as que fizeram-me chorar. Cada uma que fiz sorrir e cada uma que fiz chorar. Pois o convívio com todas elas fazem o mosáico do vitral da minha existência.
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Ontem recebi um email de uma amiga muito querida e especial, em dada altura do email esta escreveu: "Hoje a tarde estava comendo uns biscoitinhos de Petrópolis e lembrei de vc!Especificamente no "seu coração"... Algo aqui dentro acredita q seu coração é molinho e gostoso como aqueles biscoitos!rs"
Eu gostei disso. Apesar de eu não crer que isso necessariamente reflita a realidade, mas saber que eu possa dar essa impressão por meus gestos, palavras ou escrita me traz contentamento.

Muita luz em seus caminhos, moça. Você fez um bem hoje. Que os Deuses e Deusas a iluminem sempre.
Bom é ter pessoas que nos querem bem em cada um dos recantos da esfera.

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Como disse em posts anteriores, a vida me aplica alterações importantes em meus rumos. Eu, navegante de mares revoltos interiores, reajusto as velas e giro o timão para melhor aproveitar esses ventos trazedores de mudanças vindouras. À que mares velejarei agora, assim de sopetão? em que portos atracarei? O astrolábio da minh'alma não está me valendo nestes momentos para antever e obter respostas para tais perguntas.
Veremos.

18 novembro 2010

Time off

Muitas coisas ocorreram nas últimas semanas.
Coisas essas que me levaram a uma tristeza profunda, uma desilusão cortante.
Vejo que errei em coisas fundamentais. Me equivoquei.
O ajuste disso será penoso e possivelmente incorrerá em perdas importantes.
Me sinto mau por saber que falhei em coisas importantes, magoei pessoas. Errou-se também, certamente, mas o importante é o que tem origem em mim, isso faz a diferença, e não se justifica pelo que acontece "lá fora".
Acho que é hora de eu me recolher. Estou cansado, exausto de alma, preciso me recompor. Aguardar fechar as feridas. Aguardar o tempo da cura.

31 outubro 2010

No Limits

Esta foto ao lado é de um dia, não faz muito tempo, que desci a serra para vivenciar uma linda tarde, ao lado de pessoas muito especias.





Mas coloco esta imagem aqui pois ela, de certa forma, representa como me sinto diante da vida neste instante. Vejo meus caminhos com muita neblina, chuva, ventos e desenvolvendo por caminhos sinuosos. O que não quer dizer que sejam badtrips, mas difíceis e irreconhecíveis até que se esteja a um metro das curvas.





Mas mudando de assunto, queria contar algo que mexeu muito comigo recentemente.


Sabe, já ouvi muitas histórias horrorosas e monstruosas de pessoas com intensões espúrias que se aproveitam da boa-vontade alheia, segue uma que aconteceu comigo, que conto resumidamente...




De uns tempos pra cá surgiu com certa frequencia, na porta de casa, um casal jovem solicitando ajuda, assistência. Eu eu, como sempre, busco auxiliar da melhor maneira que julgo que deva.

Passaram-se os dias e a frequencia aumentou, o que era de semana em semana passou a ser dia sim outro não. Mas até aí tudo certo, a necessidade não marca hora.





Esse jovem casal, que sempre se apresentou de maneira simples, tinha dois filhos. Um recém-nascido (é complicado como essas pessoas necessitadas são incapazes de evitar a natalidade). Eu sempre buscava dar toda semana mantimentos e leite para os filhos deles. Confesso que me apeguei às crianças e até mesmo ao casal, que cmo disse sempre se mostrou sincero e simples.





Certa feita, quando chegava de carro e encostei na garagem perebi que os dois estavam me esperando do outro lado da rua, a mulher sentada na calçada, com cara de não estar passando bem. perguntei oque acontecia, ela me disse que havera rompido dois pontos da cesariana feita no parto ocorrido fazia menos de um mês. Isso me preocupou.





Para resumir, uma semana sem aparecer, o rapaz me toca o interfone aproximadamente meia-noite. Atendi com muito custo, visto que estava muto gripado. O rapaz, diz que acaba de receber o aviso que sua mulher falecera, que precisa de um dinheiro pra poder chegar ao hospital. Eu, ainda meio sonolento me supreendo, mas além de estar muito gripado e lá fora estar uma noite fria e com ventos algo me disse para negar. Mesmo contrariado e me sentindo desconfortával, disse que voltasse no dia seguinte, que naquele momento nao dava.





Confesso que não dormi a noite inteira por conta disso, a culpa e o remorso me corroeu até o ultimo osso.





No dia seguinte o rapaz voltou, eu me desculpei por não tê-lo atendido e me compadeci com sua dor, dei uma auxílio e este disse entre gestos e falas de comoção que sua mulher morreu por conta de infecção da operçaão, descreveu como encontrou o corpo dela no necrotério e me convidou para seu velório e disse voltaria para sua terra, pois ali depois disso não dava mais pra permanecer em São Paulo.





Disse para o rapaz que não podia por conta de reuniões no trabalho, como de fato. Este foi embora. Entretanto no meio da tarde numa folga entre uma reunião e outra fiz as contas do tempo e resolvi dar uma passada no velório, afinal do rapaz era sozinho e deveria ser um momento horrível. Mas ao chegar no local e hora indicados nao tive a sorte de achar a cerimônia. Não havia o enterro das mulher dele ali. Puxa, certamente me equivoquei em algum dado. Voltei para casa.





Passou dois dias, e numa manhã o interfone tocou, era ele, o jovem viúvo. Estava avisando que ía para sua terra no início da manhã seguinte e pedia para que eu descesse... Interrompi sua fala e desejei boa-sorte. Desliguei o interfone. Dei as costas e me senti horrível, pois era possível qu equisesse agradecer por todo auxílio e talvez até quissse um auxílio para a viagem, o que seria cabível. Mas eu como sempre agi conforme meus intinstos e intuitivamente. Mas lhes digo, me senti horrivel, qual a razão de eu agir assim , tão diferente de mim?




Passou-se um mês.





Dois dias trás eu estava tomando um café observando a rua, assim recostado de ombro no canto da parede, donde quem passa na rua não me vê. E não é que vejo passando todo frajola o rapaz, de oculos escuros, fasceiro.





Pensei, como se recuperou bem rápido da trajédia. Triste de quem morre. E não foi para sua terra, mas quem sabe não conseguiu a passagem gratuita da prefeitura como pretendia.



É meus amigos, a realidade era bem mais asquerosa.




Hoje, eu e minha mãe estávamos na garagem, quando de repente, não mais que de repente, passa destraidamente a fantasma da mulher do viúvo com suas crias no colo e na mão, não nos viu. Ficamos boquiabertos. Logo atrás, uns dez metros o jovem-pseudo-viúvo, a chamando, pedindo pra esperar, para andar mais devagar. Ele virou a cabeça e nos viu, ficou por alguma fração de segundo estático e depois saiu correndo.





Minha mãe, começou a falar na cachorrada do rapaz, sem parar, e eu fiquei calado. Aquilo me deixou passado. Atordoado.





Veio a lembrança meu sofrimento, dor pela morte da moça que nem tinha vivido ainda e que deixava dois pequenos sozinhos no mundo, da minha correria para poder dar apoio a ele no velório, da minha culpa que me corroeu por nao tê-lo ajudado, da minha preocupação, de tudo. Fiquei arrasado, me sentindo idiota, manipulável, um panaca. Em seguida fiquei indiguinado.




Me senti ferido, por ter sentido uma dor por eles que eles mesmos não estavam sentindo, que jamais havera sentido. Canalhas.





A pior covardia é usar da confiança e boa-vontade alheira de maneira desonesta.





Pedi muito a Deus para tirar aquele sentimento que estava esperimentando naquele momento. Já fui quando jovem agente da FAO, inclusive em Minsk, e acompanhei de perto a miséria em Timor Leste no tempo da queda do totalitarismo lá. E vi muita coisa ruim e luta por sobrevivência que levava a atos sujos, mas nunca tinha vivenciado algo assim, tão covarde. Há mais detalhes que não contei para não estender mais esse livro.





Que os Deuses e Deusas me afastem desse tipo de criaturas.









Para desopilar o fígado disso uma música de extrema beleza e sensibilidade de


Linda.

22 outubro 2010

Um regador, uma praça, uma amiga.... e uma vitrola.

Hoje acordei ainda na madrugada.
Ensimesmado.
Pensativo.
Como se experimentasse sentimentos que não são meus, com aflições que não são as minhas. Como sê possivel estar, por dado momento, conectado a persepções com origem alheias a mim.
Levantei, caminhei pelo pasillo, abri a janela da sala, olhei o longe cinzento de São Paulo, me vinha uma música na lembrança: Tarde Triste, de Nana Caymmi. Na verdade de Maysa, mas é na voz melancólica e materna de Nana que essa música cria vida em minha alma. Nem me recordava mais dessa música, mas ela veio vivaz em minna mente, cantava, como se uma vitrola estivesse ligada por ali em algum canto escondido.
La ventana traz um vento suave e gelado no meu rosto. Fiquei olhando a paisagem enquanto pensava nisso tudo.
Visto a camisa, saio pela rua. Caminho pelas calçadas vazias do bairro. Viro uma rua, outra, desso a ladeira da quitanda, de longe numa rua próxima vejo, já de longe, uma senhora.
Está regando as plantas da praça, me aproximo e pergunto: - Posso ver a senhora dar de beber para as hortências? - Ela olha em primeiro momento desconfiada, mas logo imediatamente sorri e gesticula que sim com a cabeça.
Sento no banco e fico observando seu lavoro, enquanto os sabiás falam entre si e a terra chia com o embrenhar das águas em suas entranhas.
É claro que o espetáculo não sairia impunemente de graça e fui, ao seu pedido, encher seu regador algumas vezes em sua casa, de frente para a praça.
Depois de toda sede vegetal saciada naquele local, sentamos no banco e conversamos muito.
Ela, a senhorinha, tinha uma voz doce e apaixonante. Falamos de muitos assuntos e rimos muito. chegou minha hora e fui-me, antes fiquei de voltar outras vezes para acompanhá-la na tarefa, já que ela disse que todos os dias fazia isso. Ganhei uma nova amiga.
voltei para casa para me empetecar para mais um dia de trabalho. Chegando em casa ainda com as unha pretas de terra, arrumei minha pasta e... ... não, não fui trabalhar com unhas de roça, lavei-as.
E, ao sair, eis que a vitrolinha voltou.
Bem, agora não dá pra curtir música imaginária, volto a isso más adelante.

11 setembro 2010

De Volta

Já fazia um tempo que não ía para a cozinha, aprontar. Um dos lugares onde mais podam me encontrar em tempos ídos era diante de um forno e fogão.fazendo minhas carnes, meus cakes, minhas pastas, meus doces.

Mas agora não é mais assim, raramente me aventuro na cozinha. Todavia esta manhã as panelas e batedeiras sentiram minha fúria e executei algumas aventuras e desventuras por lá. Dentre estas uma bela (e deliciosa) torta de morangos.

Bem, deixando os assuntos culinários hora de lado, estou de volta a Sampa, para concluir meus projetos editorais. Que não são poucos e não são pequenos. Serão várias noites diante das pranchetas e do computador. Muita tinta salpicando pra lá e pra cá (para quem sempre me ouve falar dos meus trabalhos e nunca os viu, até pelo motivo de raras as vezes tê-los mostrado, quem quiser ver alguns neste endereço ,pode-se observá-los).

Deixe-me desligar o note que a bateria está no fim e eu perco este post.

Hasta pronto.

05 setembro 2010

Ondas noturnas

Estar no mar a noite é algo tão bom para mim. Sentir nos pés e no corpo as frias ondas noturnas. Ouvir o rugido do oceano na escuridão que funde o horizonte ao negro céu.
Isso é algo que me alimenta e me leva além de mim.
Esta noite é uma noite muito importante para minha vida. Nesta, possivelmente, muita coisa acontecerá e disso muito se alterará.
Talvez, quem sabe, por muito tempo este Mausoléu não me verá presente.... ou o contrário.

21 agosto 2010

cade la tranquilidad que deixei aqui?

Está no fim mais uma Bienal do livro de Sampa. Muita correria no último mês para preparar tudo que as editoras as quais trabalho precisavam para a presentação, na parte que me cabia.
Apesar de todo esse trabalho nem dei as caras lá. Gosto da Bienal, mas esse ano estava meio no limite, não estava a fim de esse mundo de gente, desse evento gigantesco. Aliás aqui em Sampa é assim tudo gigantesco, as vezes me dá um negócio em relação a isso, dessa megalomania. Tem uma parte (importante) de mim que gosta de reclusão, necessita; precisa de silêncio e de coisas modestas. E aqui pouco se encontra disso.
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Agora é madrugada, três horas, daqui da janela posso ver luzes nas janelas de prédios longe. Há pessoas nestes apartamentos, pensando, sentindo, felizes, preocupadas, com raiva ou fazendo amor.
Daqui vejo um edifício que há somente uma luz ligada. Está bem distante. Que será que está fazendo quem lá está? Será que um dia meu caminho irá cruzar com o dessa pessoa? ver seus olhos?
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Na Band Vale está tocando Roxette, aff, faz teeempo.
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Tenho muito material para produzir até segunda feira. Gosto muito do que faço, escrever é minha atividade preferida, graças aos Deuses a vida me levou para esse caminho. Passei boa parte do ano passado ilustrando livros e revistas, gosto muito também, mas o que me dá mais prazer é realmente escrever. Seja realidade dos jornais e revistas, seja ficção dos livros. Me faz melhor, me decodifica, me saneia, me conduz por um caminho a qual sou mais completo e dou passos mais firmes, mais seguros. Me reconheço.
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Nos próximos três anos pretendo me dedicar mais e mais a isso, negligenciei demais meus amores. Abri mão de mim quando jamais deveria tê-lo feito. As coisas estão se encaminhando naturalmente para isso, para a correção. Vou seguir o caminho que me está sendo apresentado, aliás, que muito me agrada. Parece-me que depois de muitos anos as coisas estão voltando a sua originalidade.
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Agora toca Tony Bennett, me deu vontade de viajar, ...vai entender.
Fico pensando, deve haver pessoas trabalhando agora na madruga nessa rádio, quando era mais garoto sonhava em trabalhar numa rádio, crê? Essa rádio está localizada em São José dos Campos/SP, essa tar de interneta viabilizou coisas bem interessantes mesmo. Eu gosto de escrever ouvindo esssa rádio quando varando a noite.
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Aconteceu algumas coisas essa semana que me deixaram com um pouco de raiva no coração, isso não é comum de acontecer, preciso tirar isso do peito.
Não sei se consigo escrever sobre isso.
Estou procurando a paz aqui no meio da madrugada, o equilibrio, mas creio que não estou conseguindo encontrar o vêio. Minha mente está trabalhando muito rápido, pensamentos em turbilhão. Tem um pedaço de mim que está agoniado, eu vejo. Queria um sorriso, uma conversa à toa.
Acho que vou sair um pouco. Preciso achar o ponto exato disso, não gosto de estender problemas, dilemas. Coisas pequenas viram coisas grandes quando a gente não desembola logo.
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agora La Barca, Moira vem dançar comigo. Ma tu dormiu?
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vida linda, vida louca.

12 agosto 2010

Chuva Leonina se aproximando

Hoje, a Nasa prevê uma linda chuva de meteoros visível nesta madrugada agora (13/08), lá pelas duas da manhã (veja reportagem do portal Terra). Eu adoro as Perseidas, é assim que a astronomia chama esta chuva Leonina. Pois sempre, concomitantemente, ocorrem coisas curiosas em minha vida.
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Segue abaixo úlimo texto que escrevi sobre as Perseidas, ainda no endereço velho do Mausoléu, no Blogger. É aguardar e assitir.

[Sexta-feira, Dezembro 03, 2004]

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Olhai as perseidas no céu
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Semanas sem se manifestar. Mausoléu cerrado, silêncio sepulcrau (como de praxe é um Mausoléu). É estranho como a vida traz uma sucessão de acontecimentos que nos afastam das coisas que amamos, não é? Bem, deixe isso pra lá...
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Mas ao emergir do profundo de meus imprevistos previsíveis vejo em minha caixa de emails e comments dizeres tão legais, é muy importante saber que pessoas sentem falta da gente, do que fazemos ou escrevemos, do que temos a dizer, enfim, de nós. Gente que está em outros lugares, acerca ou longe, outros países, outras realidades, e estão tão pertinho da gente como outros que estão ombro a ombro fisicamente não estão. E sabem de nós, e os que nos olha cara a cara não sabem. É bem interessante.
Meus mais profundos, sentidos e fortes agradecimentos a todos que aqui visitam e às vezes deixam (ou não) seus posts e me fazem crer que sou importante ou que faço parte de um momento de sua atenção. Isso é mágico para mim e de extrema importância.
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Não tem nada a ver, mas no dia 19/11 por conta de uma chuva leonina (aquele montão de meteoros riscando o véu negro do céu noturno) fiquei de cara pro ar olhando o firmamento por um belo tempo na madrugada. Foi bem interessante, pouco vi dos meteoros, mas fiquei contemplando a imensidão celeste na noite. A gente fica sempre olhando pro chão e esquece do universo. Fica registrado na nossa mente que o "Tudo" é um raio de 30 metros a nossa volta e acabou. Então quando olhamos para o espaço perdemos a noção de parâmetros de tamanho e distância diminutos que elegemos para nossa vida e mondo e quando baixamos a visão pro horizontal novamente temos a real percepção que estamos encarcerados em nossos minúsculos e ridículos corpos físicos e que vivemos como ínfimas partículas num universo mais do que gigantesco. Quando olhei a minha volta me senti um pouco "pequeno príncipe" regando a rosa e desentupindo vulcões num minúsculo planetinha então quis também segurar a cauda de algum cometa e sair pela Via Láctea conhecendo vários lugares, outras plagas.... ... ...Ilusão... ...
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Acho q preciso viajar dentro de mim, Já que não posso ser o Cosmonauta da literatura. Conhecer outras galáxias e quadrantes dentro do universo de meu próprio eu, invariavelmente conflitante e peremptório. Me aventurar pelos oceanos desconhecidos das almas que estão próximas a mim, descobrir novas matizes das conhecidas cores das paisagens da minha rotina. Desbravar o Cosmo de meu lugar comum... ...Expandir.
Parecem bobagens mas certas vezes estas coisas, as chuvas leoninas ou outras paradas, aparentemente sem relevância me põem a pensar e delirar por dias, semanas, meses às vezes. Sempre estamos pensando em ganhar dinheiro ou provar que podemos mentir mais perfeitamente que o outro e temos vergonha (ou sei lá o quê) de aplicar tempo pensando nas chuvas leoninas. Eu queria perder mais tempo olhando para o céu nas noites de perseidas e chuvas leoninas. Talvez algum dia me convenceria que o universo não é só os espaços que fazem parte do meu dia-a-dia da maneira que conheço.
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por Ôbèron * Sexta-feira, Dezembro 03, 2004

23 julho 2010

La tormenta

Está chovendo lá fora.
Muito.
Nem quero pensar no estrago
que se encontrará quando
parar esta chuva e
se puder sair no alpendre.
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A janela está fechada,
mas eu vou abri-la,
e eu sei que tudo aqui ficará molhado,
e o vento que a acompanha
colocará tudo fora dos seus lugares.
molhará minha roupa e
eu tremerei de frio.
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O vento está assoviando pelos cantos e
pelas frestas,
Remexendo as folhas e os gravetos,
descobrindo o que estava oculto por estes.
Está cantando e avisando da
chegada da tempestade.
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Ela está a alguns minutos daqui
contorcendo suas nuvens furiosas
em roxo e chumbo.
Quando ela chegar, volumosa,
vai extremecer as vigas e colunas,
e quando ela passar não sei se
a choupana que construí com os dias estará de pé.
Não sei se as cercanias que eu conhecia
estarão lá para serem reconhecidas mais uma vez.
E sim, isso só não traz medo para os vazios.
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Sempre que uma tormenta passa
pelo vilarejo da gente,
leva e quebra muitas coisas que gostávamos,
e nos faz chorar ou ranger os dentes.
Sim.
Mas também lava o pó, limpa os grotões,
quebra todos os galhos envelhecidos e telhados fragilizados
com o tempo e com os acontecimentos.
Nos impele para diante,
ainda que que com muita dor.
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ela chegou,
e a janela está aberta.

16 julho 2010

Quem sabe isso tudo valha a pena...

Ontem recebi a ligação de um velho amigo meu. Fazia alguns anos que não nos falávamos. Para ser mais exato cinco anos. No seu telefone havia um certo tom de urgência, isso me preocupou. Foi uma rápida conversa, alguns minutos. Ele pedia que o encontrasse no hotel a qual estava hospedado.

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Eu estava, como sempre com trabalho até o último fio de cabelo, mas eu jamais poderia negar o pedido desse meu especial amigo. Lá fui eu.

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Fui pensando mil coisas, o do por quê ele queria me encontrar assim de qualquer forma. Foram inúmeras as idéias que minha mui fertil imaginação de escritor pôde, no intervalo de 45 minutos, formatar a respeito.

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Quando cheguei no hotel ele me recebeu com largo sorrido e apertado abraço. Bem, pela aparência nenhuma tragédia o assolava os dias, ao menos a cara não declarava.

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Disse ele:

-Eder, amigo meu, vou falar rapidinho porque daqui a pouco tenho de pegar avião de volta a Ásia. -virou-se para uma pasta abriu um envelope e retirou um cd - Segura, é teu, tá autografado e com dedicatória. Agora não me pergunta o que tá escrito que eu não sei nada de chinês.

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Peguei o cd e olhei. Supresa total. Era um cd de uma instrumentista chinesa, Wei Wei Wuu, ela toca erhu (violino chnês), é um expoente contemporâneo do intrumento. Eu sempre amei sua arte. Pois esta é viva. Sua música fala sua extrema sensibilidade.

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Me lembro de ter mencionado uma vez isso com ele faz muitos anos, e ele havia gravado. Não esqueceu. E quando em viagem a china a trabalho, pôde ir ao um evento onde ela tocava e lembrou de mim, do que havia dito, e conseguiu um cd autografado.

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Para mim foi um gesto tamanho em generosidade. Mais ainda, grande prova de carinho, de amizade verdadeira.

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Fiquei muito feliz. Essas coisas fazem a gente acreditar que vale a pena toda essa insanindade de vida e que talvez esteja fazendo as coisas corretamente, que esteja lidando com as pessas de maneira a contrair o respeito e carinho delas.

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Vos digo:

por mais difícil que seja, não lide na superficialidade com as pessoas a sua volta, lide com respeito e atenção. Olhe nos olhos, se importe de verdade.

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Amizade, real ou virtual, é coisa rara, é algo para se guardar longe do nosso lado menos iluminado.

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Quer escutar Wei Wei Wuu? então ouça, aqui.

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01 julho 2010

Na madrugada fria e estrelada...

Voltando para casa hoje, na madrugada, me chamou a atenção o ceú noturno. Estava aberto, sem nenhuma nuvem, lavado pela garôa de horas anteriores.

Antes de entrar no meu Mausoléu, fiquei fitando firmamento, coisa linda. A vivascidade milenar das etrelas.

Entrei, para me proteger do frio uns instantes. Reaqueci meu Croque-monsieur (iguaria preferiada desde a adolescencia). Corpo aquecido e o estômago forrado voltei ao relento, à fria noite, para olhar a beleza celeste.

Coloquei na mureta da sacada minha xícara de café ignorantemente quente e vagarosamente levantei a cabeça e o olhar, e no exato instante, na extaa direção, no exato instante, uma estrela Aqueles um ou dois seguundos viviveis para mim de tamanha beleza foi o incerrar de um movimento talvez milenar.

Fiquei pensando naquela beleza de morte.

Pensei, quantas décadas, séculos, milênios, ou talvez milhões de anos, este fragmento celeste viajou pelo universo, talvez atravessando a galáxia, para naquele momento, finalizar sua "tarefa"; ali, diante de meu olhos. Quantos cinturões, quantas nebulosas, planetóides e planetas tangenciou silencioso e opaco para morrer de maneira brilhante e fulgurante a algumas centenas de quilometros cabeça acima de Ôbèron? no exato momento que olhei para aquele ponto foi seu fim de quantos zilhares de anos?

Enquanto tomava meu café e fazia um cafuné fiquei a pensar nisso tudo, na viagem, na cincronicidade das coisas.

Da cincronia dos encontros, que magia amarra os fatos?



De como, por exemplo, duas pessoas na grandeza do mundo, se encontram dado momento e se apaixonam, de como um ser humano encontra sua morte numa sequência de fatos não críveis tamanha a volta das coincidências, e de tantas outras cincronicidades da vida.

Destino? Fatalidade? Circunstancialidade? Uma mão invisível, governança oculta?

O que é destino e o que é fruto das ações humanas?
O que é inefabilidade e o que é simples improbabilidade físio-química.

O que é "vontade de Deus" e o que é simples limitação do homem diante das circunstâncias?




O que um pedacinho de pedra viajando no espaço não faz com cabecinha mole de alguém sem mais nada o que fazer no meio da madrugada, não é mesmo?


ps.: no meio desse "pensarê" todo esqueci de fazer meu pedido pra estrelinha : S



26 junho 2010

Textos empoeirados

Nesta madrugada, por um acaso, tropecei nesse meu velho texto, escrito faz alguns anos, ainda do tempo das velhos grupos de discussão, antes da internet como a conhecemos, das BBS's alguém lembra disso? era parecido com que hoje conhecemos por email. Foi no ano que a Embratel abriu o serviço comercial da net, mas praticamente so havia linhas entre centros acadêmicos. Isso que conhecemos, portais como Ig, Globo, UOL, Terra, Google, nada disso existia, como era chatinho, praticamente so havia os grupos de discussão, tudo em texto, nada de imagens, nada de HTML, eu tive sorte que minha agência de comunicação ligada ao grupo Abril era plugada na rede, por tempos limitados durante o dia, claro.
este texto, me fez rememorar, e fez reviver dadas sensações, do momento descritos naquelas linhas. Resolvi postá-lo por aqui.
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Salve, lista.
As coisas que queremos estão ou acontecem nos lugares e momentos em que não estamos preparados para enxergá-los, algumas vezes.
Sendo desta maneira, passamos muito tempo pedindo por coisas que estão diante de nós o tempo todo. Parece tão óbvias estas palavras que poderia, em primeiro momento, soar inútil dizê-las. Mas só com a repetição poderemos tê-las (pelo menos um pouquinho tempo) em nossas mentes.
senão vejam só...
Hoje, por conta de uma greve de ônibus em Sampa, o trânsito estava terrível. E eu, para chegar em meu principal cliente, preciso atravessar a cidade e ir até um município vizinho. Isso significa percorrer algumas dezenas de quilômetros, que em dias normais leva-se pouco mais de uma hora (imagina-se hoje...).
Em meio àquele transito caótico pensava comigo sobre buscar uma qualidade de vida mais satisfatória, talvez me transferir para o interior ou para uma cidade litorânea, sei lá...algo que fizesse com que eu me poupasse de dias como esse (cada vez mais freqüentes por aqui,) da violência, da poluição de toda ordem, da impessoalidade do tratamento entre as pessoas das metrópoles; era necessário.
Certo momento parei e estacionei em uma confeitaria, telefonei avisando que não compareceria na agência como de hábito, pedi um café e me pus a pensar naquilo tudo. observava as feições dos motoristas que passavam, das pessoas que transitavam pelo passeio. Todos extremamente irritados. Pensei de como estava sendo alimentada uma nuvem de "mau-humores" sobre a cidade.
Cadê a beleza humana dessa cidade? - questionei a mim mesmo - numa cidade assim não quero viver.
Sentei na extensa soleira do estabelecimento, bem no cantinho, perto de uma cerca viva.
Ao mesmo tempo que observava a movimentação da via, percebi que naqueles arbustos agitavam-se uma comunidade de besouros (e que bichinhos bonitinhos aqueles), fiquei a admirá-los, me perdi, absorto naquela cena, na micropaisagem esquecida pela selva de concreto, quase dentro dela.
Uma criança chegou também e eu mostrei o centro de minha atenção, falei algo sobre e, agora acompanhado, retornei àquele voyerismo coleóptero (rs). Por algum tempo toda minha vida se resumiu a olhar aquele pequeno espaço.
Quando dei por mim percebi que agora éramos três, o irmão do garoto havia chegado e sem que eu me desse conta já estava sossegadamente instalado em meu cangote. E o primeiro garoto recostado em meu ombro também via aqueles pequenos insetos.
Aquela tranqüilidade e naturalidade que pessoas que não se conheciam mostravam ao assistirem, juntas, uma cena tão frugal e despretensiosa era, pra mim, algo mágico (caso vc esteja se perguntando o q isso tem a ver com magia), transcendente, e me fez ver a beleza da cidade que minutos antes se recusou a exibir-se aos meus olhos.

Aquilo que eu buscava no interior, no mar, longe dali, a quilômetros, estava agora num raio de um metro e meio à minha volta: a Beleza Simples da vida, Combustível da Saúde do corpo e da alma; Magia Suprema que traz amor e esperança.
Estas coisas são tão certas, claras e manifestas que na maioria do tempo esquecemos, ignoramos.
Deixamo-nos dominar pelo desencanto e pela irritação e nos tornamos cegos para O Grande Encantamento do Mundo e buscamos magia em palavras místicas ou rituais elaborados, alegria e felicidade em conquistas temporais e lugares longínquos, impossíveis de chegar.


A única coisa que peço esta noite aos gênios da minha vida e aos Deuses do Mundo é que não me deixem muito tempo esquecido destas verdades. Tenho certeza que serei feliz por muito mais tempo caso isso ocorra.


Vida longa à todos!
Ôþèrøn



por Ôbèron
JUN 1995

24 junho 2010

Essas coisas que trago

Sempre, numa avaliação apressada me consideraram gótico. Isso foi desde novinho, sempre tive um jeito que, para o apressado, pareceu, por falta de observação e até conhecimento, para o outro, que o fosse.


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Confesso, que até para mim, muitas vezes principalmente quando novo, pela insistência alheia, achei que tivesse esse espírito Gótico, ainda que de viés. Confesso também que curto muito a arquitetura gótica, a arte e tals. E de certa forma, ainda que numa estrada paralela, esse clima me encanta, e que muitos dos meus amigos foram ou são góticos.


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Mas, não, não sou. Nem nunca fui.

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Estou mais para um açoriano, um lusitado, com seu espírito melancólico sem infelicidade, de sofrimento não amargurado, de saudade de coisas não vividas, de olhares no mar agitado e águas frias. Espírito solitário e abissal.


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Não achemos que toda solitudine e melancolia é gótica, ou feia, ou triste, ou suicida. Não se apresse. Não se afobe.

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Para ouvir:



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