31 outubro 2010

No Limits

Esta foto ao lado é de um dia, não faz muito tempo, que desci a serra para vivenciar uma linda tarde, ao lado de pessoas muito especias.





Mas coloco esta imagem aqui pois ela, de certa forma, representa como me sinto diante da vida neste instante. Vejo meus caminhos com muita neblina, chuva, ventos e desenvolvendo por caminhos sinuosos. O que não quer dizer que sejam badtrips, mas difíceis e irreconhecíveis até que se esteja a um metro das curvas.





Mas mudando de assunto, queria contar algo que mexeu muito comigo recentemente.


Sabe, já ouvi muitas histórias horrorosas e monstruosas de pessoas com intensões espúrias que se aproveitam da boa-vontade alheia, segue uma que aconteceu comigo, que conto resumidamente...




De uns tempos pra cá surgiu com certa frequencia, na porta de casa, um casal jovem solicitando ajuda, assistência. Eu eu, como sempre, busco auxiliar da melhor maneira que julgo que deva.

Passaram-se os dias e a frequencia aumentou, o que era de semana em semana passou a ser dia sim outro não. Mas até aí tudo certo, a necessidade não marca hora.





Esse jovem casal, que sempre se apresentou de maneira simples, tinha dois filhos. Um recém-nascido (é complicado como essas pessoas necessitadas são incapazes de evitar a natalidade). Eu sempre buscava dar toda semana mantimentos e leite para os filhos deles. Confesso que me apeguei às crianças e até mesmo ao casal, que cmo disse sempre se mostrou sincero e simples.





Certa feita, quando chegava de carro e encostei na garagem perebi que os dois estavam me esperando do outro lado da rua, a mulher sentada na calçada, com cara de não estar passando bem. perguntei oque acontecia, ela me disse que havera rompido dois pontos da cesariana feita no parto ocorrido fazia menos de um mês. Isso me preocupou.





Para resumir, uma semana sem aparecer, o rapaz me toca o interfone aproximadamente meia-noite. Atendi com muito custo, visto que estava muto gripado. O rapaz, diz que acaba de receber o aviso que sua mulher falecera, que precisa de um dinheiro pra poder chegar ao hospital. Eu, ainda meio sonolento me supreendo, mas além de estar muito gripado e lá fora estar uma noite fria e com ventos algo me disse para negar. Mesmo contrariado e me sentindo desconfortával, disse que voltasse no dia seguinte, que naquele momento nao dava.





Confesso que não dormi a noite inteira por conta disso, a culpa e o remorso me corroeu até o ultimo osso.





No dia seguinte o rapaz voltou, eu me desculpei por não tê-lo atendido e me compadeci com sua dor, dei uma auxílio e este disse entre gestos e falas de comoção que sua mulher morreu por conta de infecção da operçaão, descreveu como encontrou o corpo dela no necrotério e me convidou para seu velório e disse voltaria para sua terra, pois ali depois disso não dava mais pra permanecer em São Paulo.





Disse para o rapaz que não podia por conta de reuniões no trabalho, como de fato. Este foi embora. Entretanto no meio da tarde numa folga entre uma reunião e outra fiz as contas do tempo e resolvi dar uma passada no velório, afinal do rapaz era sozinho e deveria ser um momento horrível. Mas ao chegar no local e hora indicados nao tive a sorte de achar a cerimônia. Não havia o enterro das mulher dele ali. Puxa, certamente me equivoquei em algum dado. Voltei para casa.





Passou dois dias, e numa manhã o interfone tocou, era ele, o jovem viúvo. Estava avisando que ía para sua terra no início da manhã seguinte e pedia para que eu descesse... Interrompi sua fala e desejei boa-sorte. Desliguei o interfone. Dei as costas e me senti horrível, pois era possível qu equisesse agradecer por todo auxílio e talvez até quissse um auxílio para a viagem, o que seria cabível. Mas eu como sempre agi conforme meus intinstos e intuitivamente. Mas lhes digo, me senti horrivel, qual a razão de eu agir assim , tão diferente de mim?




Passou-se um mês.





Dois dias trás eu estava tomando um café observando a rua, assim recostado de ombro no canto da parede, donde quem passa na rua não me vê. E não é que vejo passando todo frajola o rapaz, de oculos escuros, fasceiro.





Pensei, como se recuperou bem rápido da trajédia. Triste de quem morre. E não foi para sua terra, mas quem sabe não conseguiu a passagem gratuita da prefeitura como pretendia.



É meus amigos, a realidade era bem mais asquerosa.




Hoje, eu e minha mãe estávamos na garagem, quando de repente, não mais que de repente, passa destraidamente a fantasma da mulher do viúvo com suas crias no colo e na mão, não nos viu. Ficamos boquiabertos. Logo atrás, uns dez metros o jovem-pseudo-viúvo, a chamando, pedindo pra esperar, para andar mais devagar. Ele virou a cabeça e nos viu, ficou por alguma fração de segundo estático e depois saiu correndo.





Minha mãe, começou a falar na cachorrada do rapaz, sem parar, e eu fiquei calado. Aquilo me deixou passado. Atordoado.





Veio a lembrança meu sofrimento, dor pela morte da moça que nem tinha vivido ainda e que deixava dois pequenos sozinhos no mundo, da minha correria para poder dar apoio a ele no velório, da minha culpa que me corroeu por nao tê-lo ajudado, da minha preocupação, de tudo. Fiquei arrasado, me sentindo idiota, manipulável, um panaca. Em seguida fiquei indiguinado.




Me senti ferido, por ter sentido uma dor por eles que eles mesmos não estavam sentindo, que jamais havera sentido. Canalhas.





A pior covardia é usar da confiança e boa-vontade alheira de maneira desonesta.





Pedi muito a Deus para tirar aquele sentimento que estava esperimentando naquele momento. Já fui quando jovem agente da FAO, inclusive em Minsk, e acompanhei de perto a miséria em Timor Leste no tempo da queda do totalitarismo lá. E vi muita coisa ruim e luta por sobrevivência que levava a atos sujos, mas nunca tinha vivenciado algo assim, tão covarde. Há mais detalhes que não contei para não estender mais esse livro.





Que os Deuses e Deusas me afastem desse tipo de criaturas.









Para desopilar o fígado disso uma música de extrema beleza e sensibilidade de


Linda.

22 outubro 2010

Um regador, uma praça, uma amiga.... e uma vitrola.

Hoje acordei ainda na madrugada.
Ensimesmado.
Pensativo.
Como se experimentasse sentimentos que não são meus, com aflições que não são as minhas. Como sê possivel estar, por dado momento, conectado a persepções com origem alheias a mim.
Levantei, caminhei pelo pasillo, abri a janela da sala, olhei o longe cinzento de São Paulo, me vinha uma música na lembrança: Tarde Triste, de Nana Caymmi. Na verdade de Maysa, mas é na voz melancólica e materna de Nana que essa música cria vida em minha alma. Nem me recordava mais dessa música, mas ela veio vivaz em minna mente, cantava, como se uma vitrola estivesse ligada por ali em algum canto escondido.
La ventana traz um vento suave e gelado no meu rosto. Fiquei olhando a paisagem enquanto pensava nisso tudo.
Visto a camisa, saio pela rua. Caminho pelas calçadas vazias do bairro. Viro uma rua, outra, desso a ladeira da quitanda, de longe numa rua próxima vejo, já de longe, uma senhora.
Está regando as plantas da praça, me aproximo e pergunto: - Posso ver a senhora dar de beber para as hortências? - Ela olha em primeiro momento desconfiada, mas logo imediatamente sorri e gesticula que sim com a cabeça.
Sento no banco e fico observando seu lavoro, enquanto os sabiás falam entre si e a terra chia com o embrenhar das águas em suas entranhas.
É claro que o espetáculo não sairia impunemente de graça e fui, ao seu pedido, encher seu regador algumas vezes em sua casa, de frente para a praça.
Depois de toda sede vegetal saciada naquele local, sentamos no banco e conversamos muito.
Ela, a senhorinha, tinha uma voz doce e apaixonante. Falamos de muitos assuntos e rimos muito. chegou minha hora e fui-me, antes fiquei de voltar outras vezes para acompanhá-la na tarefa, já que ela disse que todos os dias fazia isso. Ganhei uma nova amiga.
voltei para casa para me empetecar para mais um dia de trabalho. Chegando em casa ainda com as unha pretas de terra, arrumei minha pasta e... ... não, não fui trabalhar com unhas de roça, lavei-as.
E, ao sair, eis que a vitrolinha voltou.
Bem, agora não dá pra curtir música imaginária, volto a isso más adelante.