22 outubro 2010

Um regador, uma praça, uma amiga.... e uma vitrola.

Hoje acordei ainda na madrugada.
Ensimesmado.
Pensativo.
Como se experimentasse sentimentos que não são meus, com aflições que não são as minhas. Como sê possivel estar, por dado momento, conectado a persepções com origem alheias a mim.
Levantei, caminhei pelo pasillo, abri a janela da sala, olhei o longe cinzento de São Paulo, me vinha uma música na lembrança: Tarde Triste, de Nana Caymmi. Na verdade de Maysa, mas é na voz melancólica e materna de Nana que essa música cria vida em minha alma. Nem me recordava mais dessa música, mas ela veio vivaz em minna mente, cantava, como se uma vitrola estivesse ligada por ali em algum canto escondido.
La ventana traz um vento suave e gelado no meu rosto. Fiquei olhando a paisagem enquanto pensava nisso tudo.
Visto a camisa, saio pela rua. Caminho pelas calçadas vazias do bairro. Viro uma rua, outra, desso a ladeira da quitanda, de longe numa rua próxima vejo, já de longe, uma senhora.
Está regando as plantas da praça, me aproximo e pergunto: - Posso ver a senhora dar de beber para as hortências? - Ela olha em primeiro momento desconfiada, mas logo imediatamente sorri e gesticula que sim com a cabeça.
Sento no banco e fico observando seu lavoro, enquanto os sabiás falam entre si e a terra chia com o embrenhar das águas em suas entranhas.
É claro que o espetáculo não sairia impunemente de graça e fui, ao seu pedido, encher seu regador algumas vezes em sua casa, de frente para a praça.
Depois de toda sede vegetal saciada naquele local, sentamos no banco e conversamos muito.
Ela, a senhorinha, tinha uma voz doce e apaixonante. Falamos de muitos assuntos e rimos muito. chegou minha hora e fui-me, antes fiquei de voltar outras vezes para acompanhá-la na tarefa, já que ela disse que todos os dias fazia isso. Ganhei uma nova amiga.
voltei para casa para me empetecar para mais um dia de trabalho. Chegando em casa ainda com as unha pretas de terra, arrumei minha pasta e... ... não, não fui trabalhar com unhas de roça, lavei-as.
E, ao sair, eis que a vitrolinha voltou.
Bem, agora não dá pra curtir música imaginária, volto a isso más adelante.

4 comentários:

Vallak disse...

Sua facilidade em interagir com gente as vezes me deixa embasbacado, meu caro.

Você amarrado, vendado, amordaçado no deserto consegue fazer amizades,

muita luz em seus camihos, meu amigo. saudades dos velhos tempos.

fre4k disse...

ola Ôbèron !
arigato! pela visita!
fui visitar seu blog de trabalho ^-^
gostei muito...20 anos na estrada,...muitas experiencias vividas...
parabens!!!
otimo domingo pra vc!
cuide-se!

Ana disse...

Algo me diz q sua nova amiga sente sua falta...

Anita disse...

Quando quero olhar pra vc, venho aqui.