03 agosto 2011

Prossigo cantando, beijando o espaço

Hoje, caminhando pelo estacionamento de um hiperemarcado fiquei observando alguns pardais que tomavam banho numa bacia de areia que possivelmente se formou por ação das chuvas. Sentei no portamalas aberto do carro e me perdi a fitar a cena. Dado momento um ou dois pardais levantaram voo até uma árvore avizinhada. Lá permaneceram e eu no meu voyerismo os fazia presença.


Mas observando bem, veio, assim de arroubo uma lembrança, a lembrança de quando aquela árvore era pequeninha, iniciante na jornada da vida por ali. Mas fazia tão pouco tempo, e era tão mirrudinha. De arrasto me veio outras lembranças enlaçadas a essa, a do murro defronte pintado, uma cumeeira de casa próxima não mais vista pela chegada de uma construção mais alta e outras tantas lembranças. Tudo tão recente, mas tão distante.


Me pus a pensar na temporaneidade das coisas, como tudo por aqui é momentâneo e célere. Tudo tão passageiro. Incluindo-se nisso nós mesmos.


Passamos por aqui tão rapidamente, male-male temos tempo de amar.
de respirar, de agradecer, de sorrir tranquilamente,
de auxiliar, de construir, de compreender.


Me lembrei do filme de Peter Pan, o capitão gancho falando das crianças que se resumem em poucas frases: eu quero, eu quero, eu quero! é meu, é meu, é meu! agora, agora, agora! E por isso elas não tinham dele a paciencia.


Penso: Somos todos essas tais crianças: eu quero, é meu, agora! Tantas coisas saem tao erradas por conta disso, por conta desse umbigocentrismo autista. Mas eu tenho um oceano para navegar e tão pouco tempo,


não posso ficar aos devaneios da minha mente que fervilha.
É hora de construir


E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar


Trecho de Beira-Mar / Ze Ramalho
Nem sempre nos dias de festa, mas no dia da batalha os amigos sempre lutam no mesmo lado!Que os Deuses e Deusas me emprestem o fio da espada e perfume da rosa. Hoje, agora e sempre!

Um comentário:

Linda Simões disse...

"Cantar um galope fechando a ferida
que só cicatriza na beira do mar..."

É na beira do mar que divago, que encontro a resposta para muitas perguntas...


Mas é hora de construir.

Um abraço