07 dezembro 2011

Desventuras? Eu quero um Combo!

Daqui da altura do telhado do Mausoléu (de onde se tem vertigens acachapantes olhando-se para baixo) eu posso ver pessoínhas lá embaixo fingindo ser felizes com a receitinha de bolo dos outros. Parecem, no meu entendimento, desejar aparentarem viver num eterno comercial de cerveja skol, rindo embasbacadamente, rastejando-se por um caminho manjado e fabricado por verdades cenográficas de alto-astral tipo praia, samba, álcool, bunda, sol e churrasco.
O Bom Jesúis sabe que eu tentei sempre ser tolerante com as pessoas que fazer o tipo "alegrinho(a)-superficial", mas muitas vezes, confesso, não "logrei êxito". Nem sempre o cidadão está zen o suficente para ouvir coisas do tipo "Uhú! sexta-feira! fechô seizóra! vamu escutar calcinha preta (?!?!?!) no Zé Leite!!" enquanto você tenta desenvolver uma ação solidária coletiva num orfanato.
É claro, ninguém é obrigado a ser o "engajadinho mala", lóbiviu (com o diria meu sobrinho), mas tudo na bitola. Nem mais, nem menos.

E quando o mesmo declara para você num volume de voz que mais parece que estás numa sala 10 metros distante: "Peixe, vamu pro Zé leite? lá tem uma vaca-atolada do diabo!"

Que é do diabo eu não levanto polêmica, mas logo após meus tímpanos voltarem a um nível de funcional ao menos metade do anterior eu realmente gostaria de discutir a real satisfação de curtir uma vaca-atolada a 30º C de verão tropical com pessoas ululantes, escutando uma música, digamos, diferenciada (como diria Mr Tucano). Well, gostos são gostos e yo nada tenho akver com isso.

Caminho rumo ao meu santuário de descando e ao chegar, qual a supresa? Os mais novos vizinhos tinham produzido uma festinha (um rala-bucho) que transbordava para a rua. Tocando, para deleite do meu pavilhão auditivo, pérolas do cancioneiro das altas latitudes brasileiras. Abri o portão da garagem já me sentindo em algum pancadão de Belém. imaginava que a qualquer momento um ximbinha iria me abordar e me dar alguma punhalada final na minha alma.

entro em casa, tento me desentoxicar disso tudo, colocando dois xumaços de algodão no ouvido e clamando socorro a um martini gelado. Mas quando abro meu email.... ... ....é minha editora solicitando para eu fazer uma boa reportagem de um suposto notório grupo de forró, ou tecno-brega, ou pagode, ou axé, ou funk, ou sertanejo, ou macarena, ou lambada, ou macuco universitário, ou algo assim (!!!!!!!!!!!!!)

daí o cidadão se sente na obrigação de sofrer uma embolia.

são dias difíceis...

é o 2012 chegando, é a primavera árabe, o armagedon, o kaly-yuga, o purgatório na Terra, ou algo assim.

2 comentários:

Ana disse...

Dos bons esse heim!Desculpe, mas ri um bocado do seu desespero, ainda q fundamentado em "bases sólidas, desespero auditivo/sensorial".
Essa "vizinhança" q infelizmente se esparrama por todos os lados, nos impõe momentos de verdadeiro terror. Poderiam ser menos espaçosos e não tentar nos "converter" nessas coisas esquisitas, mas...
beijão pra vc, q venham mais textos com essa mesma força, esse mesmo jeito entregue e livre (vc puto é muito engraçado!)

Vallak disse...

Meu amigo,
só vc mesmo kkkkk